Gradualmente, a legalização da canábis (resina e planta), vulgo
haxixe e erva, sem ser para utilização terapêutica, tem ganho adeptos dos mais
variados quadrantes da sociedade; partidos políticos, organizações não governamentais,
opinion makers, alguns artistas, comunicação social, etc. Pessoalmente, não
sou a favor da legalização da canábis e explico porquê. Não tenho nada contra
as drogas, tenho é muitos motivos para estar desacreditado e desiludido em
relação às pessoas, refiro-me aos decisores políticos. Por outro lado, os portugueses não estão
suficientemente informados, a nível científico, sobre os efeitos da droga psicoativa
alteradora do sistema nervoso central. Quantas aldeias e vilas empobrecidas,
principalmente do interior do país, estão informadas a nível científico? Estas
pessoas continuam a recorrer aos mitos e tradições retrogradas e desatualizadas,
em termos de comparação, acrescento o consumo do álcool, para efeitos terapêuticos,
“beber álcool aquece”, “beber álcool alimenta “ou “beber algo dá energia”, etc. Nestas aldeias,
mais depressa se encontra um traficante de canábis, do que luz na rede
elétrica. Nas consultas, escuto pais, licenciados, também baralhados e
confusos, perante os argumentos, adquiridos na rua ou informação falsa, dos seus
filhos que insistem que o canábis é uma droga inócua para a saúde.
Quando penso na legalização da canábis, dá a sensação que
primeiro legisla-se e depois legaliza-se ou vice-versa, mas o que importa é a visão
mercantilista da coisa de acordo com as leis do mercado (milhões de euros nos cofres
do estado em impostos, postos de trabalho, mercado negro, etc) e depois que se
lixem, as pessoas e as suas famílias, que apresentam problemas graves de saúde,
devido ao uso e abuso da cannabis, por exemplo, indivíduos com surtos
psicóticos, depressão e ansiedade. Sabia que a canábis gera dependência psicológica?
Numa consulta com Nuno (nome fictício) afirmou o seguinte: “Estou cheio de medo
de largar a erva… depois o que é que vai ser de mim??? Acho que não vou
conseguir…estou com medo…” De notar que o discurso do Nuno, estava emocionado
e assustado, visto, há décadas consumir canábis, diariamente. Para terminar, um
dia escutei um documentário onde o investigador fez a seguinte declaração: “O
canábis não mata, mas pode enlouquecer. “, subscrevo.
Alguns fatores
importantes sobre a Legalização do canábis (Alimento pro pensamento)
- Condução sob o efeito de canábis. Legislação
- Legislação no trabalho. Irá o consumo de canábis afetar o rendimento/produtividade no trabalho?
- Idade legal para o consumo – EUA de acordo com a legislação são 21 anos
- Indústria milionária - Marketing agressivo, leis do mercado, concorrência, mercado negro, lucro, outros produtos, por exemplo, confecção de bolos, doces (risco de consumo por crianças).
- Qual é o nível de THC permitido/seguro para consumo? Sabia que o nível de THC é elevadíssimo comparativamente há 20 anos?
- Para os pais – orientações científicas sobre o consumo, abuso e dependência psicológica, refiro-me à prevenção e ao tratamento.
- Escolas – políticas e critérios - orientações para os professores e pessoal não docente.
- Prevenção do abuso e dependência do canábis – campanhas informativas nos meios de comunicação social.
- Alternativas aos consumos/abuso de canábis, por exemplo, em festas, concertos, queimas das fita, etc
- Evidencia científica sob o consumo, abuso e dependência do canábis
- Posse legal de canábis /Quantidade?
- Cultivo, produção, fabrico e extração das substâncias psicoactivas a fim de estarem disponível para o consumidor final.
- Segundo a evidencia cientifica o consumo durante a adolescência aumentou o risco de surtos psicóticos. Nos EUA, um em cada 6 adolescentes que experimentam canábis ficam dependentes. O risco de dependência é maior do que do álcool.
- Atualmente a canábis é mais potente (níveis de THC agente tóxico activo) comparativamente há 20 anos. Aumenta o risco de dependência?
- Saúde vs Economia - Decisores políticos – estratégia para a prevenção, o tratamento e a recuperação das pessoas dependentes. O problema não são as drogas, o problema são as pessoas.
- Trafico, mercado negro.
- Factos: nos EUA, em alguns estados, o numero de adolescentes que vão as urgências dos hospitais aumentou após a legalização do canábis. Nos EUA o numero de acidentes de viação aumentou após a legalização do canábis.
- Na minha opinião, Portugal, (principalmente, os decisores políticos) não está preparado para seguir uma estratégia que assegure o apoio às pessoas, às suas famílias e às comunidades, refiro-me á prevenção e ao tratamento do abuso e da dependência do canábis. Assim como não existe um dialogo (pontes) entre a comunidade cientifica e o publico em geral, devido principalmente ao estigma, ao preconceito (e hipocrisia), à negação e à vergonha. Todavia, observo pequenas ações educativas, por exemplo, Ordem dos Médicos, mas para fins terapêuticos.
- Consumo de canábis durante a gravidez e efeitos para o bebé.
- Utilize esta lista para abordar o tema com os seus filhos.