terça-feira, 16 de março de 2010

Adolescência - certo e errado


Adolescência: Tomar decisões e fazer escolhas.
A adolescência é uma fase de aquisição e estruturação da identidade, em que se adquire competências para viver o mundo que nos rodeia e encontrar o lugar nele (propósito e significado). Recorrência através de experiências de risco (ex. perigosas) como situações de aprendizagem e referência para a construção da identidade e limites nas relações com os outros. Grande parte da experiencia e maturidade que adquirimos, como adultos, advém dos erros que cometemos. Será que colocamos expectativas irreais nos nossos jovens?

Desde que nascemos iniciamos um processo de aprendizagem e enriquecimento contínuo ao longo da vida (ex. curiosidade, intuição, exploração e da dor/sofrimento).

Tomar decisões e fazer escolhas, na adolescência, é o período “ideal” para essa aprendizagem de forma a fomentar uma estrutura para a mudança (ex. alterações hormonais, sexualidade, o cérebro está num processo de amadurecimento) e de resiliência (gestão da adversidade). É um período fluente de motivação para a exploração e a conquista. Os mecanismos que gerem as atitudes e os comportamentos dos adolescentes influenciam mais o impulso (Faz…sem pensar…não interessa as consequências…) do que a razão (Parar… e contemplar… Pensar antes de agir.

Como adolescente, a prioridade é direccionada para a identidade, viver dentro de um sistema de relações de pares (pertença ao grupo), a comunicação e a intensidade do momento. O planeamento, a organização, auto-critica e a gestão do futuro, não correr riscos “desnecessários ou de obediência aos adultos” aparenta não ser uma prioridade, mas pode tornar-se uma fonte de angústia para pais ansiosos, facilitadores, autoritários e demasiado zelosos. Pode-se cair no erro de cada parte -filhos e pais - desejarem remar o mesmo barco para direcções opostas. A comunicação pode ficar extremamente afectada para o resto da vida.

Será que a evolução determina que os adultos sejam descrentes em relação aos adolescentes?
Aparenta existir uma crença generalizada pelos adultos de que adolescência é sinónimo de dificuldades e problemas - carga de trabalhos. Será ser rebelde questionar o pai quanto à carreira de futuro que deseja seguir? Será ser impulsivo magoar a mãe através da agressividade verbal? É irresponsabilidade usufruir demasiado tempo na internet ou não cumprir cegamente com as ordens/orientações dos adultos? E aqueles adolescentes cuja agressividade não existe apoio e monitorização dos pais, por um conjunto de factores? Estes afirmam resignados “O meu filho/a é assim não há nada a fazer… Sai ao pai” ou “Sai à mãe”. É preciso encontrar um culpado?

Por vezes, aparenta-se responsabilizar o adolescente “irresponsável, irreverente e impulsivo” com base nos mesmos critérios, comportamentos e valores morais que um adulto. Se a relação com a escola vai mal…, se a relação com a mãe e/ou pai vai mal…, se a relação com a família vai mal…, o adolescente aparenta ser o culpado. Na minha opinião, é um erro enorme. È necessário visualizar toda a “fotografia” em vez de um determinado detalhe. Por ex. qual os efeitos determinantes do consumismo, da publicidade e do marketing, a ausência de valores morais, o ritmo de vida acelerado e a pressão exercida pelos adultos nos adolescentes?

Questão. Como pai ou mãe quais os indicadores em como a sua comunicação com o seu filho/a de 3 anos é eficiente e eficaz? Aos 10 anos? Depois aos 16 anos? Qual o feedback proporcionado pelas atitudes e comportamentos do seu filho/a em relação à sua comunicação? Pergunte ao seu filho/a “Consideras que és ouvido, correspondido, apoiado e compreendido pelo pai/mãe quanto às tuas ideias, crenças e expectativas?”

Como é que o seu filho sabe que a comunicação é eficiente e eficaz com os pais? Pode ter uma ideia bem diferente. Para variar, o pai adopta características diferentes da mãe na educação e só estou a constatar uma realidade. Já pensou que durante a adolescência será necessário reinventar, monitorizar e adaptar a sua comunicação às mudanças do filho/a? Oiço imensos casos de pais que afirmam que o filho não comunica, se isola, não expressa as suas ideias e preocupações, e alguns afirmam que o seu filho/a evita os pais.

Não existem culpados, mas responsáveis para quebrar os conflitos geracionais.
Com este texto não quero afirmar que os pais são “irresponsáveis e impulsivos” na educação, viso somente proporcionar ideias que podem ser aproveitadas para melhorar a comunicação, promover a aprendizagem e o enriquecimento contínuo ao longo da vida.

Deveríamos entender os jovens, não só como pessoas a vivenciar uma fase de intensas transformações e construções, mas também como seres sociais sujeitos a pressões como o acesso à informação, à sexualidade, à venda e à publicidade que induz fortemente à adesão de tais comportamentos e valores.  Os adolescentes são um grupo com uma forte influência na sociedade em geral e nos sistemas que a compõem. São também um grupo que sofre a influência das gerações mais velhas (tradições, crenças, rituais), bem como das características da sociedade em geral. É importante o optimismo e a confiança face ao que poderão ser e fazer enquanto adultos.

Aumento na incidência de abuso das substâncias entre adolescentes (Johnston et al., 1996);
 Decréscimo da idade em que é efectuado o primeiro diagnóstico de dependência de drogas (Reich et al., 1988);
Aumento na prevalência de abuso e de dependência de drogas ao longo da vida na população geral (Lewinsohn et al., 1996);
 Uso de álcool e de drogas é a principal causa de co-morbilidade e mortalidade entre os adolescentes, quando comparada com acidentes rodoviários, comportamentos suicidas, violência, entre outros (Dep. Estatística dos EUA, 1993).

Podemos inverter estas crenças disfuncionais – Tolerância e Confiança
«A nossa Juventude ama o luxo, é mal-educada, zomba da autoridade e não tem nenhuma espécie de respeito pelos mais velhos. As crianças de hoje são tiranas. Não se levantam quando um velho entra numa sala, respondem a seus pais e são simplesmente más.» Sócrates (filosofo Grego) Sec. V a.C.

«Não tenho nenhuma esperança no futuro do nosso país, se a juventude de hoje toma o mando amanhã, porque esta juventude é insuportável, sem moderação. Simplesmente terrível.» Hesíodo (poeta Grego) Sec. VIII a.C.

«O nosso mundo atingiu um estado crítico. Os filhos não escutam os pais. O fim do mundo não pode estar muito longe.» Sacerdote egípcio 2000 anos a.C.

«Esta juventude está podre desde o fundo do coração. Os jovens são maus e preguiçosos. Não serão nunca a juventude de outrora. Os de hoje não são capazes de manter a nossa cultura» Descoberta nas ruínas de Babilónia 3000 a.C.

“A juventude de hoje é rasca” Vasco Pulido Valente

Quando adolescente também ouvi este tipo de afirmações inúmeras vezes pelos adultos. A nossa cultura é o resultado das nossas acções. Nada muda, se andarmos preocupados (excesso de zelo) ou procurarmos culpados. Como indivíduos, como membros de família e cidadãos somos responsáveis pelas nossas atitudes e comportamentos. “Mais Vale Prevenir do que Remediar”

Na sua adolescência, quais os comentários que chegavam aos ouvidos?



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