segunda-feira, 25 de março de 2013

Onde é que ficamos? Qual é afinal a realidade? Decida você



“Governo recua e distingue vinho e cerveja das bebidas espirituosas. Nova lei proíbe álcool de teor elevado a menores mas mantém os 16 anos para bebidas “leves”. Associação de bebidas e peritos falam em cedência a lóbis. A diferenciação dos limites etários – 16 e 18 anos- consoante o teor de álcool, definida no novo diploma, aprovado, no dia 21/2/13, pelo Conselho de Ministros, veio defraudar entidades ouvidas durante a elaboração da lei para o consumo do álcool. É conhecida a posição de Pires de Lima contra a proposta da proibição alargada aos 18 anos. Pires de Lima é o presidente da Associação de Produtores de Cerveja e também presidente da mesa do conselho nacional do CDS-PP.  ” Lê se na notícia do Jornal de Notícias de 22/2/13. Podemos acrescentar na mesma notícia, segundo o secretário de Estado adjunto da Saúde “(…) a medida tenciona sobretudo impedir a embriaguez dos jovens” Jornal de Noticias, 22/2/13. Esta é a versão dos políticos, dos interesses da Industria do Álcool (lobbies) e que contam com a conivência dos órgãos da comunicação social, sobre o problema de saúde pública relacionado com o álcool. 

Repito mais uma vez, visto ter publicado já este facto no blogue, você sabia que existem um milhão e meio de pessoas que bebe em excesso e metade delas é alcoólica, em Portugal? No artigo do JN, para espanto de todos aqueles que trabalham nesta área e ou das famílias, incluindo as crianças afectadas pelo álcool, o jornalista ainda refere na notícia, “bebidas leves.” Apesar dos média teimarem em confundir a opinião publica e alimentar mitos, não existe este conceito “bebidas leves” quando sabemos o álcool é uma droga psicoactiva.

Reacções à Nova Lei
  • “Há três, quatro meses, a proposta à qual tivemos acesso, o limite de 18 anos aplicava-se a todo o tipo de álcool. Esta proposta não é consistente, o elemento álcool está presente em todas. Não podemos diferenciar o bom álcool do mau álcool. Tínhamos ficado satisfeitos para a subida de idade mínima dos 16 para os 18 anos. A lei parece ceder a pressões de vários grupos. O álcool é sempre prejudicial aos jovens. Na cerveja há também vários graus” George Sandeman, presidente da Associação de Comerciantes e Industriais de Bebidas Espirituosas e Vinhos
  • “Uma cedência total aos lobbies. Esta lei serve a estratégia de fidelizar os jovens para o consumo de álcool – beber desde cedo, para criar hábito. É uma cedência total aos lobbies das grandes empresas e das multinacionais. Estamos a mascarar o problema. O álcool é álcool. É uma medida trágica.” João Manuel Ramos, responsável pela Associação de Cidadãos Auto Mobilizados
  • “A medida fica coxa, é uma medida a medo. Quem trabalha nesta área sabe que se está diante do efeito de pressões. A lei é confusa criando uma mensagem difícil de explicar aos mais novos” Rui Tato Marinho, medico e coordenador de hepatologia da Ordem dos Médicos
Depois de sabermos a opinião dos políticos e da Industria do Alcool, também iremos saber algumas reacções de entidades e os seus representantes, agora vamos abordar o lado realista e negro do fenómeno do alcool e as suas vitimas  Senão vejamos, "Coma alcoólico leva direcção do Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA) a suspender praxe. Foram ultrapassados os limites para além do tolerável, João Carvalho presidente do IPCA, em Barcelos, ao comentar o incidente, dentro do campus da instituição, que levou três alunos, em coma alcoólico, ao Hospital de Barcelos após o Rali das Tascas organizado pela Tuna do IPCA, em parceria com a Comissão de Praxe. (…) Os alunos hospitalizados, duas raparigas de 19 anos e um rapaz de 18, já tiveram alta. O caso mais grave saiu apenas na madrugada de ontem” Noticia do JN de 21/2/13

Excertos de uma reportagem publicada no suplemento que faz parte da edição do Correio da Manhã. “Noite de copos. Consumo de álcool por adolescentes em Portugal aumentou. Não há lei que trave.  No grupo de Alberto (nome fictício) já não há menores de idade. O mais novo dos seis rapazes, Paulo (nome fictício), celebrava nessa noite 18 anos. Pelo menos, foi o que disseram. Um afirma que começou a sair à noite aos 14 anos e já apanhou “algumas bebedeiras. O acesso às bebidas, mesmo brancas, nunca foi problema, Nem vai mudar com a lei. Os comerciantes querem é fazer dinheiro e fecham os olhos às idades. E se não for assim, leva-se uma fotocópia do BI falsa, garante Alberto”
“Até dá dó. Às vezes, é preciso sair do carro para tocar às campainhas e pô-los dentro do prédio para chegarem a casa. No outro dia era uma miúda que estava estendida no largo, completamente inconsciente. A que estava com ela só olhava. Ainda saí do carro e fui lá, mas outro colega já tinha chamado uma ambulância” taxista na zona de Santos.
Segundo João Goulão, o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, “(…) diz nada ter a acrescentar, depois de reconhecer, no ano passado, que o consumo de bebidas alcoólicas aumentou entre os jovens, mas que estes apanham “menos bebedeiras” e bebem” cada vez mais cerveja” num consumo regular.
  • “Álcool é sempre álcool e quando se faz a avaliação de um doente conta apenas o número de unidades que bebe e não o tipo de bebida. Todas são igualmente perigosas” Francisco Henriques, da Unidade de Alcoologia de Lisboa.
  • “Esta lei é cínica e desrespeita o plano que fizemos com o Ministério da Saúde” Albino Almeida, presidente da Confederação das Associações de Pais
  • “Está provado que não se deveria beber antes dos 18 anos por causa do desenvolvimento cerebral” Luís Patrício, psiquiatra
Comentário: O fenómeno do Binge Drinking, que consiste no abuso de bebidas alcoólicas (período reduzido de tempo) cujo objectivo é a intoxicação/embriaguez é um problema que afecta crianças e jovens de todo o Mundo. Alguns países afirmam impotentes; ensinar as crianças a beber moderadamente não funciona, tal a pressão social, cultura que bebe, e as técnicas de marketing agressivas da indústria do álcool com a conivência dos políticos, da ordem dos médicos e advogados, tribunais e dos média. Infelizmente, Portugal inclui-se também nesta lista de países, com tendência para o fenómeno aumentar. Saiba mais sobre o que o Sr. secretário de Estado adjunto da Saúde afirmou recentemente sobre a prevenção e o serviço nacional de saúde sobre o álcool. 

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