quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Como comunicar com um filho adolescente, por Cristina Valente


Sosseguem, pais, não precisam de ter um Mestrado em Comunicação para conseguirem comunicar com o vosso adolescente! Mas algumas ideias preciosas (embora simples) podem ajudar!

As 6 Ferramentas “Carinho e Firmeza” são a solução para dar espaço a estes filhos que já não são crianças mas que ainda não são adultos…e para dar-lhes fronteiras, orientando-os ao mesmo tempo….

Empatia: lembre-se de usar a empatia. Quando o seu adolescente tiver feito alguma “asneira” diga-lhe algo como: “Que incrível! Como é que isso aconteceu? Se tivesse sido comigo eu teria ficado nervoso! E como é que te sentiste?”.

Encorajamento: em vez de dar sermões (aos quais o seu filho vai resistir!) e de derrubá-lo, encoraje-o: “Não sei exatamente o que fizeste. Podes ter feito uma coisa errada, mas continuas a ser o meu filho, uma boa pessoa e um ser humano cheio de valor”.

Perguntas sinceras: se os pais conseguirem fazer o mais difícil - não julgar, não culpar e não assumir que sabe o que ele pensa e, melhor, nem dizer-lhe o que ele deveria pensar…então estão preparados para adoptar uma técnica bastante eficaz: as perguntas sinceras. Chamamos-lhe “sinceras” porque os pais querem realmente saber o que se passou e entender a perspetiva do filho, mesmo que (e sobretudo se) for diferente da sua perspetiva de adulto.

As perguntas isentas de julgamento e que expressam um desejo sincero de compreender o ponto de vista do filho costumam “fazer milagres”! Perguntas como as seguintes, depois de o adolescente ter cometido algum erro, são verdadeiramente eficazes para criar proximidade entre pais e filhos: ”O que é que aconteceu? Em que é que estavas a pensar quando fizeste isto? Qual era o teu objectivo? Qual o significado que teve para ti? Qual foi a coisa mais importante que aprendeste com esta experiência? Como é que achas que podes lidar com uma situação destas no futuro?”

Partilhar experiências: os pais podem partilhar com os seus filhos algumas experiências da sua própria adolescência e com as quais tenham aprendido lições importantes: “Lembro-me de quando tinha a tua idade e…!”

Estabelecer limites inteligentemente: Quando os pais pretendem que os seus filhos pensem na forma como irão lidar com uma situação parecida caso aconteça de novo, podem dizer-lhes algo como: “Não sei o que aprendeste com esta situação ou de que forma irias lidar de uma forma diferente no futuro, mas isto assustou-me. Quis ajudar-te desta vez e ajudei-te. Mas quero que saibas que não me vou sentir bem se tiver que fazê-lo de novo. Portanto, quero dizer-te que caso faças essa escolha de novo, vou respeitar o teu direito de experimentares as consequências”.

Amor incondicional: amor incondicional por um filho é aquele amor que continuamos a sentir apesar dos erros que ele comete e apesar da decepção que esses erros nos provocam. É o  “vou amar-te para sempre, independentemente de tudo”.

Este cenário ilustra um apoio incondicional da parte dos pais e contribui para a aprendizagem de competências para a vida. Muito mais do que o castigo. Frequentemente, quando os adolescentes cometem erros, os pais castigam-nos.

Quando os pais castigam os seus adolescentes, em vez de apoiá-los, estão a pensar apenas nos seus próprios pontos de vista; não estão a considerar o mundo e as percepções dos seus filhos. A maioria dos adultos tende a esquecer-se dos seus tempos de adolescência. Os que se lembram, muitas vezes não compreendem como é diferente a vida para os adolescentes nos dias de hoje. Para além de que, ao castigar adolescentes, os pais perdem a oportunidade de ensinar-lhes a melhor forma de lidar com algo que vão encontrar sempre ao longo da sua vida  – erros.

Responsabilidade: no entanto, o amor incondicional não é o mesmo que tomarmos a responsabilidade pelos erros dos filhos: “Vou amar-te para sempre, independentemente de tudo…mas é tua responsabilidade resolveres os problemas que surgem dos erros que cometes. Apoio-te, mas és tu quem os resolve.

O valor dos erros: os erros provam que os nossos filhos estão a tentar. A tentar viver. A tentar aprender. A tentar ser adulto…Lembre-se: uma vez cometido o erro, este não pode ser desfeito. O adolescente pode ser capaz de aprender algo com o erro ou resolvê-lo, mas não vai ser capaz nunca de desfazê-lo. Contudo, o processo de aprendizagem e resolução pode ser tão valioso, que as situações e as relações podem tornar-se ainda melhores devido a um erro. Quando nos focalizamos no erro em vez de nos preocuparmos com o que podemos aprender com isso, estaremos a desperdiçar grandes oportunidades de aprender e de crescer.

Para terminar, lembre-se também: o seu filho não é um adulto crescido. O seu filho está a crescer!...


Cristina Valente
Psicóloga (Coach Parental), Autora e Mentora de Famílias de Sucesso em Projectos de Home Business
Telefone: + 351 93 930 05 99
Skype ID: cristina.valente66

Comentário: Gostaria de agradecer a colaboração da Dr. Cristina Valente no "Mais Vale Prevenir Do Que Remediar". Actualmente, neste mundo imprevisível, como pais, conseguir comunicar com os nossos filhos representa um serio e complexo desafio, todavia porém, o desafio poderá ser mais simples, do que imaginamos se dedicarmos tempo, disponibilidade, empenho e conseguirmos ser uma referencia positiva a fim de que eles consigam orientar as suas vidas.  
Aos nossos adolescentes, devemos incutir, desde cedo e ao longo do seu desenvolvimento, valores que contemplem a honestidade, a autonomia, o talento, a auto estima (amor próprio, não me refiro ao culto do ego), a solidariedade e uma vida resiliente com um propósito. 

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