sexta-feira, 14 de setembro de 2007

"10 Medidas de Prevenção Que Podem Salvar Vidas"


Join Together e os seus parceiros publicaram este trabalho de forma a fornecer algumas respostas quanto aquilo a que muitos se questionam: “ O que é feito actualmente quanto à prevenção e a reduzir os problemas associados ao álcool e/outras drogas?!”
“Este guia contempla dez medidas apresentadas por grupos de profissionais e representantes de varias comunidades. O guia é baseado num trabalho cientifico idóneo e conta com um vasto apoio, em termos, do publico em geral. Foram anunciadas medidas concisas, e convincentes que comprovam a sua eficácia.
Existem diferentes abordagens em prevenir o álcool e/ou outras drogas, em vez de se castigar e punir pessoas que são doentes. Espero que este guia sensibilize a nação quanto a desenvolverem medidas eficazes de prevenção do álcool e/ou outras drogas que possam salvar vidas e devolver a qualidade de vidas às famílias afectadas por este flagelo”
David L. Rosenbloom, Ph.D.
Director, Join Together


Outras organizações que aprovam estas medidas neste guia:
CADCA, NCADD, CSPI, The Marin Institute,
“10 Medidas de Prevenção Que Podem Salvar Vidas Em Relação ao Álcool e/ou Outras Drogas."

"Nos EUA, em 2002, os jovens foram mais sujeitos á publicidade sobre o consumo de bebidas alcoólicas comparativamente aos adultos especialmente em revistas.
Na EUA, 90% dos seus habitantes preocupa-se com os padrões actuais de consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens.

Os jovens que vivem nos estados que adoptaram a lei (graduate driver´s licence) conduzem, menos vezes, sob o efeito do álcool, do que aqueles que vivem estados que não escolheram esta lei.
http://www.dps.state.mn.us/dvs/DriverLicense/Graduated%20DL/grad_license.htm

Prevenir o Consumo de Álcool Entre Os Jovens.
1. Aumento nos custos de bebidas alcoólicas através de taxas, particularmente na cerveja. Os jovens consomem 20% das bebidas alcoólicas, no caso da cerveja, consumido nos EUA. Contudo, os jovens consomem menos cerveja se for mais cara. Nas idades, compreendidas entre os 15 e os 20 anos, os factores mais preocupantes relacionados os consumos de álcool, surgem os acidentes de viação, a causa numero um de morte entre os jovens, depois as lutas e as tentativas de suicídio. O objectivo em subir estas taxas nos custos da cerveja contempla a intenção em deter o consumo excessivo. Contudo, na realidade, estas taxas não acompanham os níveis de inflação e actualmente o preço da cerveja tem descido nos últimos 30 anos.

2. Restringir a publicidade e/as actividades promocionais, relacionadas com o álcool, em que o publico-alvo (target) sejam os jovens. Tal como a industria do tabaco, a industria do álcool apresentam o mesmo publico-alvo (target) – os jovens. Uma exposição prolongada à publicidade e actividades promocionais, de bebidas alcoólicas, aumentam a probabilidade de consumo entre os jovens. Tal como as crianças que assistem a estes anúncios também apresentam probabilidade significativas em consumir álcool. O publico em geral, reconhece estes factos e deseja impor limites e regras na publicidade às bebidas alcoólicas – um estudo efectuado em 2000, revela que mais de 60% dos Americanos apoia a redução dos anúncios na televisão, em placard / “outdoor” e/ou eventos desportivos.

3. Adopção de leis que previnam mortes e acidentes de viação entre os jovens. Implementar leis “Graduated Drivers License”, restrições em contextos de divertimento publico, por parte dos jovens, tais como; actividades supervisionais por agentes da autoridade (informação e educação), ex. utilização de aparelhos de detecção de níveis de álcool que infringem a lei e medidas semelhantes que alterem o contexto onde ocorre os consumos de álcool. Estas abordagens entre os jovens dos 15 aos 20 anos de idade revelaram que os níveis de acidentes fatais diminuíram.

Tratamento da Adicção
4.
Estipular e implementar a garantia do tratamento de pessoas com problemas de abuso de álcool e/ou outras drogas nas apólices de Seguro. Na maioria dos casos, estas apólices de seguros não cobrem o tratamento do alcoolismo e/ou outras drogas, assim como, os respectivos custos anuais destes planos de seguro de saúde são demasiado elevados, impossibilitando o acesso às famílias mais desfavorecidas. Os potenciais consumidores problemáticos não recebem a ajuda, na altura apropriada, de forma a evitar problemas de saúde e/ou sociais mais graves, recorrendo, mais tarde ao serviço publico, sobrecarregando os respectivos orçamentos do estado. Numerosos estudos revelam que o tratamento do alcoolismo e ou outras drogas é um investimento viável; uma medida de poupança nos recursos financeiros do estado e dos privados. O aumento no impacto total nos prémios nas seguradoras é menor do que 1%.

5. Apoiar o desenvolvimento e a pesquisa da medicação mais eficaz para o tratamento da adicção. A medicação existente, tal como; a buprenorphine, metadona, naltrexone e acamprosate são efectivamente um recurso no tratamento da adicção. Contudo, existem alguns obstáculos á sua divulgação e distribuição, por ex. companhias de seguros não cobrem os custos desta medicação e a criação de leis que limitam e proíbem abertura de novas clínicas que promovam este tipo de tratamento. A medicação é uma parte importante do tratamento, especialmente quando combinado com o aconselhamento, apoio social e o pós-tratamento.

6. Criação de clínicas/gabinetes de avaliação e diagnóstico a pessoas com problemas relacionados com o consumo de álcool e ou outras drogas, por ex. nas urgências dos hospitais e centros de saúde. Avaliar e diagnosticar pessoas com problemas de álcool e outras drogas, bem como, a comportamentos de risco fazendo o respectivo aconselhamento, e se necessário efectuar o encaminhamento para tratamento. Estas medidas são extremamente eficientes na redução de problemas com o álcool e outras drogas. Todavia, existem leis que permitem às seguradoras recusarem o pagamento dessas consultas, mesmo em casos onde o medico assistente identifique problemas associados ao consumo de álcool, em mais de 30 estados dos EUA . Além disso, os médicos não são pagos para efectuarem avaliações, diagnósticos e o respectivo aconselhamento da mesma forma que o fazem para outro tipo diferente de problemas ou doenças, tais como diabetes e a depressão, mesmo sabendo da existência de um potencial problema de álcool, todavia, escolhem não fazer o devido acompanhamento.

7. Proporcionar maiores apoios financeiros a aquelas instituições que obtêm melhores resultados nos tratamentos. O sistema de tratamento publico e privado deverá ser revisto e avaliado, assim como, os respectivos apoios financeiros, tendo em conta, os resultados a longo-termo com vista a melhorar a qualidade do sistema no tratamento. Aquelas instituições que obtêm melhores resultados devem receber mais apoios financeiros; aquelas instituições que não obtêm melhores resultados não receberão quaisquer apoios. Os legisladores devem trabalhar em conjunto com as instituições de forma a identificar e a monitorizar os resultados.

Prevenção e Redução de Actividades Ligadas ao Crime
8. Estipular um programa de tratamento eficaz e continuado, sujeito a supervisão, em programas de pós-tratamento, para indivíduos prevaricadores e condenados por crimes não-violentos, relacionados com álcool e/ou outras drogas. Mais do que metade dos indivíduos, envolvidos no sistema criminal, que completam programas de tratamento e de pós-tratamento não voltam a cometer novos crimes. A maioria dos prisioneiros que são obrigados a cumprir penas, mas que não frequentam programas de tratamento voltam a reincidir em novos crimes e recaem nas suas adicções após serem libertados das prisões. Aqueles Indivíduos que Conduzem Sob a Influencia do Álcool, condenados a uma pena também necessitam de tratamento e de acompanhamento no pós-tratamento, mesmo tendo sido só aplicada uma única condenação pelo tribunal.

9. Revogar medidas que impeçam os ex. condenados em se inserirem numa participação activa na sociedade. È extremamente injusto, para um indivíduo, ser punido repetidamente pela mesma ofensa e/ou crime. Na realidade, é aquilo que acontece com aqueles que apresentam crimes relacionados com álcool e/ou outras drogas. Leis federais e de estado de apoio aos estudantes impõem proibições demasiado prolongadas, na assistência na gestão dos recursos financeiros, tickets de alimentação, subsídios e alguns empregos. Estes restrições não são medidas preventivas quanto aos consumos de substancias, são impeditivas de recuperação da adicção.

10. Desenvolver apoios e incentivos ao trabalho comunitário. Aquelas comunidades que apresentam estratégias, cujo objectivos são reduzir o álcool e/ou outras drogas demonstram nos seus relatórios níveis significativos de participação dos seus cidadãos , políticas publicas mais eficientes na promoção da mudança de atitudes e comportamentos, melhores acessos a tratamento e o aumento nos recursos financeiros. Coligações entre parceiros que promovam o apoio sustentado na comunidade desenvolvem melhores programas na redução do consumo de substancias a nível local.

Comentário: Gostaria de deixar um pequeno comentário em relação a este guia. Em 2000, estive nos EUA a fazer um estagio profissional que me proporcionou uma experiência "in loco" maravilhosa nesta área. A minha intenção é salientar a importância da criação de sinergias em estudos científicos e idoneos (entre profissionais e os representantes das comunidades) neste assunto tão delicado e actual. Todos em conjunto tomam parte activa neste processo porque existe um objectivo comum - encontrar soluções para pessoas que sofrem de uma doença que ultrapassa o conhecimento e a experiencia empírica. Depois não se pode comparar e realidade portuguesa à realidade americana, contudo acredito que podemos sempre aprender, ser humildes, com a experiência de países que investem milhões de dólares na prevenção e tratamento do álcool e/ou outras drogas. Andam uns anos à nossa frente...

Há umas semanas atrás assisti, a uma reportagem no telejornal de uma estação privada de TV sobre os eventuais prejuízos que as cervejeiras estão a atravessar por causa da ausência do calor durante o verão. Surpreendido, exclamei, "Quais serão os reais interesses por detrás desta reportagem, que ainda durou uns longos minutos?" Pessoalmente, acho que foi publicidade. Gostaria também de criticar seriamente a publicidade a bebidas alcoólicas nos eventos desportivos e espectáculos musicais. Quais as instituições que regularizam as leis neste sector? Quais as estratégias dos lobbies da industria do álcool, na nossa sociedade, e quem mede as consequências? Como profissional e pai, acredito, que a vida de um jovem é demasiado preciosa e não aceito que outros valores (financeiros) se sobreponham e justifiquem os seus fins.

Acredito que todos precisamos de estar atentos a preocuparmo-nos com os nosso jovens e não fechar os olhos. Recordo-me desta expressão "É tão fácil ser um idiota..."


Referencias:
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