Os jovens são mais afetados pela publicidade ao álcool, revela estudo europeu recente. Segundo este estudo a exposição à publicidade a bebidas alcoólicas tem um enorme impacto no consumo entre os jovens e a autorregulação da industria não funciona. O estudo, em questão, publicado na reputada revista cientifica Addiction alerta para o impacto que o consumo de álcool tem entre os mais jovens e também alerta que o consumo de bebidas alcoólicas é a principal causa de incapacidade ou morte entre os jovens do sexo masculino com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos.
O resultado deste estudo, vem corroborar outros , portanto não se trata de nenhuma novidade. Todavia, conscientes do problema, quais são as medidas impostas, pelos decisores políticos, que visam travar estes fenómenos? 1. O abuso do álcool, o consumo de bebidas alcoólicas por jovens com idades abaixo do permito por lei e 2. binge drinking (beber bebidas alcoólicas com o intuito de ficar intoxicado) e 3. abuso de bebidas alcoólicas é a principal causa de incapacidade ou morte entre os jovens do sexo masculino.
Quando contemplamos, o abuso de álcool pelos jovens, não o devemos fazer somente através dos reguladores institucionalizados com recurso a leis restritivas. Sabemos que as leis existem, mas também existem formas engenhosas de as contornar. Por exemplo, as marcas de cerveja, anunciam a cerveja sem álcool, todavia, é a fidelização à marca que importa e o lucro das cervejas sem álcool não creio que seja relevante comparativamente à cerveja com álcool. Nas camadas jovens, quem é que bebe cerveja sem álcool? Nos festivais de verão quem é que consome cerveja sem álcool? Nas festas académicas quem é que consome cerveja sem álcool? Na minha opinião, o consumo é residual comparativamente à cerveja com álcool. Para agravar a situação, a cerveja com álcool, neste tipo de eventos, para além de estar disponível em garrafas, também é servida a copos, que torna a venda mais acessível (e mais lucrativa), mesmo para aqueles jovens com fracos recursos financeiros.
Por outro lado, considero que o problema são o comportamento das pessoas e não o álcool, propriamente dito. O problema não é o álcool. O problema não são as leis, são as pessoas que delineiam estratégias de marketing (publicidade) que visam somente o lucro (economia de mercado), o problema são os decisores políticos que evocam as questões económicas em detrimentos das consequências do álcool nas camadas mais jovens, o problema são os media que não fazem investigação e não alertam ( e sensibilizam) a sociedade para as consequências do álcool, as Instituições de ensino que formam profissionais, sem que estes estejam qualificados para abordar o assunto nas consultas e/ou nas urgências hospitalares e todos nós (sociedade civil) que compactua com esta «velha» tradição, imposta na nossa cultura, associada ao abuso do álcool, por exemplo, nas consultas ouço casos de alguns pais, com filhos de 11 e 13 anos, que afirmam o seguinte: “Os meus filhos já experimentam bebidas alcoólicas, começam a faze-lo em casa na presença dos pais. Por exemplo, numa festa é-lhes permitido, experimentar o álcool, com um gole.”. Contrariamente a este exemplo desafortunado, a prevenção mais eficaz, contra o abuso do álcool, começa em casa.
Infelizmente, o álcool ainda não é encarado como uma droga (substância psicoactiva do sistema nervoso central). Entre outras drogas o álcool é a droga mais perigosa, simplesmente, porque está disponível e porque permanecemos passivos perante todos estes fenómenos acimas referidos. Felizmente, nem todos os jovens abusam do álcool ou recorrem ao binge drinking, mas mesmo assim, a vida dos nossos jovens, mesmo em numero reduzido (refiro me aqueles que apresentam vulnerabilidades associados ao abuso do álcool), são mais importantes que o lucro das empresas e/ou tradições/tendências disfuncionais e retrogradas. É possível ser feliz, sem beber bebidas alcoolicas.