terça-feira, 9 de setembro de 2008

Estrategias mediocres de prevenção



Na realidade, as estratégias de prevenção que visem somente fomentar o medo e assustar os jovens não funcionam.

Alguns pioneiros em prevenção têm aprendido ao longo do tempo a identificar quais as estratégias e programas que não funcionam e assumem a responsabilidade de não voltar a repeti-las. Estratégias mediocres incluem abordagens que evolvam o medo, apelos moralistas e abordagens centradas na informação sobre os perigos do consumo de drogas, programas que visem o desenvolvimento da auto-estima e equilíbrio emocional, fóruns, eventos e testemunhos.

Os jovens desvalorizam toda e qualquer informação, bem como o seu apresentador, que procure amplificar os perigos dos consumos de drogas, a informação falsa e/ou informação exagerada (J. Beck, 1998). Golub e Jonhson (2001) reforçam que mensagens exageradas falham o seu objectivo sobre a informação realista, tem o efeito contrario quando os jovens têm acesso a informação e à experiência contraria aquela que lhes é apresentada.

O director do Centro de Estudos para a Prevenção da Violência da Universidade de Colorado, EUA, Del Elliot afirma que “ Muitas das estratégias quando focadas na punição imediata das ocorrências, após os actos/acontecimentos, interferem negativamente nos resultados pretendidos omitindo assim as verdadeiras causas do problema. O violência intensifica-se porque os verdadeiros problemas não são abordados.”

Nacy Tobler (1992) e Linda Dusenbury (1995) resumem alguns factores essenciais numa estratégia de prevenção: foco em alternativas saudáveis, envolvimento dos pares, abordagens interactivas que incluam a pratica de competências e educação de regras de comportamento que promovam e esclareçam a diferença entre a verdade, ex. dados estatísticos, e os mitos.
Um ambiente escolar saudável e equilibrado é atingido através de uma combinação de políticas e procedimentos claros e realistas, de formação continua e apoio direccionado ao pessoal docente e não docente, alunos, familiares e colaboradores dentro da comunidade escolar.
Alguns peritos envolvidos em prevenção partilham da ideia que as energias aplicadas na educação são mais bem aproveitadas através da utilização de “ferramentas” científicas direccionadas na prevenção do que tentar interromper comportamentos perigosos, sem resultados práticos, através da manipulação e/ou punição e condenação.

Ao longo da minha experiência profissional em trabalhar com jovens que apresentam comportamentos violentos obtêm-se melhores resultados se trabalharmos em conjunto, facilitando parcerias, criando sinergias e a comunicação sendo genuínos, tolerantes, honestos e firmes.

Muitas vezes a resistência observada nos jovens começa em nós profissionais, quando colocamos “rótulos”, por vezes inconscientes e só identificados em supervisão, de “jovens difíceis”... “jovens agressivos”... “jovens defensivos”.

Referências: The Colorado Department of Education: Improving Academic Achievement - Safe and Drug-Free Schools and Communities

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