quarta-feira, 1 de julho de 2009

"Ecstasy Nocturno" - Jornal Ágora - ISMAI



A escuridão da noite tem um encanto especial quando se é adolescente. Com a primeira saída à noite, a vida adulta começa. Às vezes com exageros.
O mundo da noite deixou de ser algo desconhecido para jovens como o João Ferreira de 14 anos, a Ana Catarina Ribeiro de 15 anos e Afonso Pinto de 16. Em meios urbanos, a experiencia da vida nocturna começa cada vez mais cedo.
Quando se é adolescente, a noite representa um momento de euforia, pois dispõe de largas horas para desfrutar a vida ao máximo. É um momento de liberdade, longe dos olhares reprovadores dos pais. Para os adolescentes dá a sensação de maturidade. É como se a infância tivesse terminado.

Começar a sair á noite é algo que os jovens começam a fazer desde cedo. É entre os 14 e os 16 anos que se vai a uma discoteca pela primeira vez. João Ferreira diz que a primeira ida à discoteca foi “memorável”. Apesar de não beber nem fumar, é o próprio a admitir que as discotecas são os locais mais propícios a vícios. E as primeiras saídas significam um grande tormento par aquém fica em casa, os pais. No entanto, “nem todos têm que passar por esse azar”, e há aqueles jovens cujos pais lhes dão mais liberdade e são vistos como verdadeiros ídolos.

A juventude não gosta de ficar em casa, quer conhecer pessoas, ouvir boa música, divertir-se e acabar a noite numa discoteca. É precisamente nesta fase da noite que os maiores exageros têm lugar. Vários adolescentes admitem que a sua primeira embriaguez aconteceu com os amigos na discoteca, mas só depois de ganharem a confiança dos pais, chegando a casa sempre a horas e levando à risca as regras impostas por estes.

Curiosamente, e indo contra o que foi dito, a maior parte dos jovens admite que bebe logo na primeira vez que sai. As preferências divergem: alguns dizem que preferem cerveja, outros apreciam mais bebidas brancas, outros shots.
Enraizou-se nos jovens a ideia de que sem álcool não pode haver diversão. Muitos afirmam que bebem para se sentirem mais desinibidos, outros dizem que bebem porque os amigos também o fazem e não querem estar um passo atrás.
É precisamente devido ao excesso de álcool e drogas que ocorrem casos de violência entre jovens embriagados. Muitos admitem mesmo que começam a ter medo de sair á noite.
São vários os casos vindos a público de jovens assaltados e agredidos. Ao que parece está-se a tornar uma impossibilidade conviver na rua em paz.
A noite, que tem de tudo para ser de liberdade está afinal, a tornar-se a “noite da perdição”.
Mário Carneiro e Tiago Carvalho

Este artigo foi publicado no Jornal do Curso de Ciências da Comunicação do Instituo Superior da Maia (ISMAI) – Ágora nº 8 – comentários: agoraccom@gmail.com
Comentário: Desde já o meu agradecimento pela autorização para publicação integral do referido texto. Tenho especial interesse quanto à perspectiva dos jovens e a prevenção das dependências porque considero que a grande maioria não é ouvida e tida em conta. O mundo continua a ser “terreno” único e exclusivo dos adultos. Alguns são irresponsáveis, egoístas, mentirosos, poderosos, manipuladores e colocam os seus interesses e os lucros acima dos valores morais e éticos. Parece que fazemos parte de uma cultura “egocêntrica e egoísta”.

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