No mês de Junho de
2011 foi publicado o Relatório Mundial sobre as Drogas 2011 (World Drugs Report) pelo Secretário-geral
das Nações Unidas, o sr. Ban Ki-moon. Aproveito para adicionar também alguns
dados do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência (OEDT), do
Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) e noticias veiculadas pela
comunicação social durante este periodo.
Dados:
“Portugal apresenta os níveis mais altos de Sida entre os
dependentes e indivíduos que apresentam uso problemático (abuso) de substâncias
psicoactivas.”
“Em termos legais comemora-se 10 anos que se descriminaliza
o consumo de drogas em Portugal.”
Em 17 de Junho fez 40 anos que o Presidente dos EUA, Richard
Nixon, declarou guerra às drogas. A seguir outros países adoptaram a mesma estratégia.
[i]
“A descriminalização não aumentou o consumo, MAS Portugal
ainda está à frente no uso problemático (Abuso) de estupefacientes.”
“As pessoas dependentes de substâncias psicoactivas não
devem ser descriminadas. Devem receber tratamento e ser acompanhados por
pessoal médico especializado e conselheiros. A adicção às drogas é uma doença,
não é crime.” Secretário-Geral das Nações Unidas, Sr. Ban Ki-moon
“A produção e abuso de medicamentos opiáceos e novas drogas
continuam em escalada.”
“A utilização de medicação, sem prescrição médica, é um
problema crescente em alguns países.” [ii]
“210 Milhões de pessoas em todo o Mundo, significa 48% da
população entre os 15 e os 64 anos de idade consumiu drogas em 2010.”
“O consumo de cocaína duplicou na Europa movimentando
valores que se estimam entre os 30 Mil Milhões de Dólares.”
Segundo o director executivo da agência das Nações Unidas
para as Drogas e Criminalidade reconhece progressos, MAS afirma que há mais a
fazer para promover comportamentos saudáveis.
“210 Mil pessoas morrem todos os anos devido às drogas.”
“O Relatório Mundial das Drogas (2009) estima que existam 38
milhões de pessoas que abusam (uso problemático) de drogas, somente 4,9 milhões
têm acesso a tratamento/apoio médico. “
Segundo o Sr. Wolgang Gotz, director do Observatório Europeu
das Drogas e Toxicodependência (OEDT) refere que as estatísticas revelam que um
em cada três jovens europeus já experimentou uma droga ilegal e que os jovens
se deparam com um número cada vez maior de substâncias psicoactivas.
“O OEDT estima que entre 2% e 2,5% dos jovens adultos
consomem cannabis diariamente ou quase diariamente, em especial o sexo
masculino. Esta percentagem representa uma grande população em risco e realça a
necessidade de compreender melhor as necessidades deste grupo em termos de
serviços.”
Estimativas do OEDT do consumo de drogas na Europa, em 2009
“Cannabis:
prevalência do consumo ao longo da via pelo menos 74 milhões (22% dos adultos
europeus). Consumo no último ano: 22,5 milhões de adultos europeus. Consumo no último
mês: 12 milhões de europeus.”
“Cocaína:
prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 13 milhões (3,9% dos adultos
europeus). Consumo no último ano: 4 milhões de adultos europeus. Consumo no
último mês: 1,5 milhões. “
“Ecstasy:
prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 10 milhões (3,1% dos adultos
europeus). Consumo no último ano: 2,5 milhões. Consumo no último mês: menos de
1 milhão”
“Anfetaminas:
prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 12 milhões (3,5%dos adultos
europeus). Consumo no último ano: 2 milhões. Consumo no último mês: 1 milhão”
“Opiáceos:
Consumidores problemáticos (abuso) estimados em 1,2 e 1,5 milhões de europeus.
As mortes induzidas pela droga correspondiam a 4% das mortes de europeus entre
os 15 e os 39 anos de idade, tendo sido encontrados opiáceos em cerca de 3
quartos dos casos. Droga principal em mais de 50% do total de pedidos de
tratamento para toxicodependentes. Cerca de 650 000 consumidores de opiáceos
receberam tratamento de substituição em 2007.”
«»
“Entre os jovens, o consumo de múltiplas substâncias pode
aumentar o risco de problemas agudos e prenuncia o desenvolvimento posterior de
um hábito de consumo crónico de droga. Entre os consumidores de droga regulares
e mais velhos, o policonsumo[iii]
é um dos principais factores contribuintes para a overdose de droga, além de
dificultar o tratamento da toxicodependência e estar associado à violência e à violação da
lei.”
“As drogas ao dispor dos europeus são cada vez mais
diversificadas, por exemplo, a inovação na produção de drogas sintéticas e as
crescentes preocupações suscitadas pelo abuso de medicamentos sujeitos a
receita médica. Além disso, tem-se constatado que um elemento definidor do
problema do consumo de substâncias europeu é o uso concomitante de álcool, que
pode ser observado em TODAS as faixas etárias.”
“Entre a população escolar, os dados mais recentes revelam
uma forte associação entre o consumo excessivo esporádico de álcool e o consumo
de droga. Esse consumo excessivo esporádico também está frequentemente ligado
ao consumo recreativo de drogas, aumentando risco de consequências negativas
entre os jovens adultos.”
“Segundo um relatório do Instituto da Droga e Toxicodependência
(IDT) revela que entre 2001 (ano da implementação da lei da descriminalização)
e 2007 o consumo de estupefacientes registou, em termos absolutos, uma subida
de 66%. Nesse período houve um aumento de 215% no consumo de cocaína, 85% de
ecstasy, 57,5 de heroína e 37% de cannabis. Desde 2001 houve um aumento de 50%
no consumo de drogas, entre os jovens com idades os 20 e os 24 anos. Por outro
lado, o número de pessoas que experimentou drogas ilícitas, pelo menos uma vez,
subiu 7,8% em 2001 e 12% em 2007.”
“Desde a descriminalização (2001) o número de homicídios
relacionados com drogas aumentou 40%. Portugal foi o único país europeu com um
aumento significativo de homicídios relacionados com drogas entre 2001 e 2006”
(Nações Unidas – World Drug Report
Junho 2009)
“Mercado Mundial de Drogas Ilegais. Segundo estudo
financiado pela Comissão Europeia, sobre o mercado de drogas ilegais, apresentado
em 2009, estima que as vendas atinjam mais de 100 Mil Milhões de Euros.”
"A descriminalização não interfere
decisivamente nos consumos de drogas das populações, nem nos problemas
colocados à sociedade portuguesa pelos usos e em especial pelos abusos de
drogas” Professor Jorge Quintas.
“Segundo o Presidente do IDT estão em
tratamento 40 mil pessoas e em estruturas de redução de danos cerca de 15 mil.
O fenómeno da toxicodependência está a diminuir, mas isso não significa que o
consumo de drogas esteja a decrescer. São dois fenómenos distintos.” Entrevista ao Correio da Manhã
“Existe um aumento do número de jovens
entre os 13 e os 18 anos que já experimentaram LSD, sendo que a maior subida
regista-se no grupo etário dos 16 anos, segundo um inquérito preliminar. Em
relação a outras drogas, verifica-se uma subida nas experiencias com
anfetaminas e com cocaína entre os jovens com 15 e 16 anos e uma descida no
consumo de cannabis entre os jovens dos 13 anos 15 anos.” Notícia da TSF
Comentário:
Na sociedade portuguesa, incluindo os órgãos de comunicação
social, ainda se caracteriza e define as substancias psicoactivas em duas
categorias: As drogas leves e as drogas duras, esta caracterização, em relação ás referidas
substâncias, contribui para o preconceito e o mito. Esta terminologia não se
aplica em termos médicos. O Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência
define as substâncias em quatro categorias: 1. Cannabis 2. Anfetaminas, Ecstasy
e substancias alucinogénicas 3. Cocaína, cocaína e crack e 4. Consumo de
opiáceos e drogas injectada.
Não acredito que a sociedade portuguesa (políticos,
tribunais, médicos, investigação e comunicação social, etc.) possua a maturidade
suficiente para aderir à legalização da cannabis. Não basta legalizar, é
preciso informar, devidamente, o publico em geral das especificidades desta
substancia psicoactiva e as suas consequências. O problema não é as drogas,
são as pessoas.
Infelizmente, nestes dados, não consta uma estimativa sobre o
número de famílias, incluindo as crianças, afectadas pela Toxicodependência. A
família aparenta ser negligenciada visto existir estruturas de apoio aos
indivíduos dependentes, mas para as respectivas às famílias, em muitos casos
traumatizadas, não. Será que isso significa que a Família não está envolvida no
processo de tratamento? Segundo revelam alguns estudos, nos EUA e em Inglaterra,
a família deve fazer parte activa do tratamento do dependente, contribuindo assim,
para o sucesso da recuperação.
Infelizmente, nestes dados não consta as despesas para o
Estado na área da saúde. Seria significativo, o publico em geral, tomar
conhecimento sobre o montante aproximado dos gastos. Acrescento, as despesas de
tribunais (problemas legais), e problemas de saúde (por exemplo, HIV/SIDA,
Hepatite C), problemas no trabalho (por exemplo, o absentismo, acidentes de
trabalho e problemas nas equipas).
Também não é publico as despesas sobre a Luta Contra as
Drogas. Segundo alguns peritos internacionais afirmam, e corroboro essa
afirmação, que a Luta Contra a Droga, nos moldes em que é definida a sua estratégia,
é uma guerra contra fantasmas e sem sucesso. Isto é, continua-se a gastar
milhares de euros sem que o resultado desse investimento tenha retorno concreto
e satisfatório.
Considero que da mesma maneira, que as drogas ilegais, as
drogas legais merecem destaque, refiro-me ao abuso (uso problemático) do álcool
e ao alcoolismo, em especial aos jovens adultos e em geral aos adultos,
famílias, incluindo as crianças, problemas de saúde (hepatites, Cirroses,
SIDA/HIV), problemas legais, problemas no trabalho (absentismo). Neste sentido,
o numero de indivíduos afectados abuso do alcool e pelo alcoolismo,
incluindo as suas famílias e crianças, na nossa sociedade, é um fenómeno
negligenciado e negado visto não existirem dados. Convido o leitor a visitar o
site Directório do Álcool. Acompanho este site desde a sua inauguração e
constato que o seu conteúdo está muito aquém daquilo que é esperado, por exemplo, em
termos informativos, na área da investigação e estatísticas afirma estar “funcionalidade
em desenvolvimento”. Como é possível, se o alcoolismo é um problema de saúde pública? Pertencemos a uma cultura que bebe. http://www.directorioalcool.com.pt/Paginas/HomePage.aspx
Podemos também acrescentar a utilização de medicação, sem
prescrição médica (auto medicação), capaz de gerar dependência crónica (por
exemplo, as benzodiazepinas; tranquilizantes, sedativos) problemas de saúde e
problemas no trabalho (absentismo). Mais uma vez, não existem dados públicos sobre
este flagelo.
Para terminar, gostaria de acrescentar uma questão que afecta
principalmente as drogas ilícitas refiro-me às drogas adulteradas. Isto é, a
maior parte das drogas comercializadas e consumida, nas ruas, são adicionadas
outras substâncias desconhecidas e possivelmente tóxicas.
E os dados sobre o consumo de nicotina? Apesar das medidas
restritivas e existirem centros de saúde que disponibilizam apoio à interrupção
dos hábitos tabágicos, que visam alertar sobre o perigo em fumar, pouco se sabe
sobre o trabalho desenvolvido na dependência, assim como os seus resultados.
Mais Vale Prevenir Do Que Remediar e
Recuperar É Que Está
A Dar. visite o blogue http://recuperarequeestaadar.blogspot.com
[i] Guerra às Drogas Ilegais parece uma
batalha perdida e contra fantasmas. Gastam-se, todos os anos, triliões de
dólares sem que o resultado desejado seja alcançado, porque a oferta continua a
supera a procura. A Industria milionária e poderosa das drogas e os seus
parceiros conseguem corromper pessoas, instituições e países (por exemplo o
caso mais mediático México, Colômbia, Afeganistão).
[ii] Em Portugal não existem relatórios (investigação) sobre a utilização da medicação sem prescrição médica capaz de
gerar dependência crónica. Este flagelo aparenta atingir níveis preocupantes e
galopantes visto não ser monitorizado e/ou avaliado pelas autoridades
competentes.
[iii] Policonsumo de substancias psicoactivas
ilícitas e/ou licitas – Refere-se ao consumo de mais do que uma droga ou
tipo de droga pelo mesmo individuo – consumo simultâneo ou sequencial (definido
no léxico da Organização Mundial de Saúde – OMS) Por exemplo, um indivíduo pode
consumir, abusar (consumo problemático) e ficar dependente (Adicção) à Heroína,
Álcool e Tranquilizantes (Benzodiazepinas) ou Cocaína, Tranquilizantes
(Benzodiazepinas) e Álcool. Objectivo do indivíduo em relação ao Policonsumo
passa por potenciar e/ou regularizar (controlar) o efeito das substâncias
ingeridas a fim de obter o efeito desejado (auto medicação).
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