quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Os conflitos entre pais, não envolvem os filhos


Qual é o impacto que o conflito entre os pais (e famílias) tem nas vidas das crianças?

A perturbação traumática é capaz de induzir a criança num estado de alerta constante, resposta fisiológica - lutar, fugir, cristalizar, vulgo fight or fly response. Este estado de alerta constante desencadeia a libertação de hormonas do stress no seu organismo, capaz de interferir, negativamente no desenvolvimento (arquitetura) do cérebro. Segundo a Academia Americana de Pediatras afirma que a resposta biológica a este estado de alerta constante pode revelar-se altamente destrutiva e durar a vida inteira. Segundo exames de ressonância magnética em crianças revela que episódios de violência, abuso emocional e/ou sexual, violência domestica ou pais adictos a drogas lícitas e/ou ilícitas, incluindo o álcool, entre outras perturbações traumáticas, podem comprometer algumas áreas cruciais sobre o funcionamento do cérebro. Segundo um estudo conduzido em mais de 17.000 doentes num Hospital de S. Diego (Kaiser Permanente, USA 1998) revela que as pessoas com perturbações traumáticas estão mais predispostas para abusarem de drogas e sofrerem de alcoolismo, desenvolverem doenças mentais, suicídio e cancro.

Como bem sabemos, o conflito faz parte do relacionamento com as pessoas. Quando conhecemos alguém, mais tarde ou mais cedo, iremos desenvolver um conflito com essa pessoa por discordarmos e/ou confrontarmos ou vice-versa. Se imaginarmos o mesmo cenário, mas acrescentarmos o facto de vivermos na mesma casa, “debaixo do mesmo teto”, durante um período considerável, a probabilidade do surgimento do conflito ainda é mais elevada.  Todavia, a questão fulcral é o que é que os pais podem fazer de forma a gerir o conflito sem envolverem as crianças, pelo menos o menos possível. É possível? Sim, nestas alturas de conflito, como adultos, precisamos de recordar que as crianças possuem uma interpretação completamente diferente sobre o conflito e contemplar uma estratégia, “plano de batalha entre adultos” com critérios bem definidos, a fim de salvaguardar a criança de eventuais danos. Convém também salvaguardar que nem todo o conflito gera dano/trauma, mas quando este se revela frequente, intenso e duradoiro, certamente irá gerar consequências negativas na criança. 

Existem evidências cientificas sobre o conflito entre pais, quer estejam a viver em conjunto/maritalmente ou estejam separados/divorciados, revelam que o conflito pode comprometer seriamente a saúde mental da criança, assim como, durante o seu percurso de vida.

Quando houver conflitos, entre pais, ambos ou pelo menos um dos progenitores, faça questão de que a criança não assista à “guerra dos adultos”, explique à criança que é assunto de adultos e que aconteça o que acontecer os pais vão sempre ama-la com honestidade, compromisso e esperança. Os pais são uma referência para o desenvolvimento da criança.


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