Sabia que os pais que falam com os filhos sobre as drogas,
sabem o que se passa com os filhos e com quem eles se relacionam reduzem as
possibilidades de consumirem drogas (Biglan
e colegas, 2004)?
Devido às vidas atarefadas, alguns pais, infelizmente, não
reconhecem a influência que exercem sobre a vida dos filhos. Como pais,
conseguimos fazer a diferença entre aquilo que os nossos filhos pensam e fazem
em relação às drogas. Conseguimos, facilmente, estabelecer comunicação com
eles, sobre medidas que sirvam para prevenir e/ou adiar o consumo, e, caso se verifique
necessário, através de factos concretos, elaborar um plano de acção quando eles
estão envolvidos no consumo e/ou consumo problemático (abuso) de drogas.
Um estilo parental altruísta, dinâmico, carismático é
suficiente para tratar, gerir e orientar o tema das drogas e o álcool na
família. Sabemos que não é fácil, mas assumir um papel activo e assertivo, em
vez de agressivo, manipulador ou passivo poderá fazer toda a diferença na vida
dos nossos filhos.
No dia-a-dia, utilizamos drogas, tal como acontece com a
alimentação, que modificam a maneira de pensar, sentir e agir. Podemos incluir,
nesta lista, as drogas utilizadas para fins medicinais e terapêuticos, o
álcool, o tabaco e a cafeína. Pertencemos a uma cultura que consome drogas, lícitas,
incluindo o álcool e o tabaco, e as ilícitas. No entanto, existe uma
preocupação, generalizada pela sociedade, quanto ao fenómeno das drogas ilegais
(trafico, consumo, dependência), todavia, acaba por ser irónico, visto que, as drogas
que provocam mais danos e representam um risco serio para os jovens são as
drogas legais, tais como o álcool, o tabaco e a utilização indevida de
medicamentos sujeitos a receita médica. Ao constatarmos esta realidade, sabemos
que o processo de desenvolvimento dos jovens consiste em experimentar coisas
diferentes e testar os limites e algumas regras impostos pela família, escola,
comunidade e sociedade. Tal como aconteceu com os pais durante a sua
adolescência, nesse sentido, não nos surpreendemos, se alguns jovens consumirem
drogas ilegais. Felizmente, a maioria destes jovens não continuam o consumo
regular e a maioria não desenvolve problemas sérios associados às drogas (por
ex. dependência). Será mais realista pensar que os jovens permanecem curiosos
sobre o efeito das drogas, sejam legais e/ou ilegais, ao invés de negar esse
possibilidade.
Como pais, uma das preocupações é descobrir, que um dia, os
nossos filhos usam drogas. A primeira reacção pode ser de choque, raiva, culpa,
negação e procurar um/a culpado, “Como é possível isto estar a acontecer?! O
que andas a fazer à tua vida?” Embora seja normal, este tipo de reacções,
também precisamos de pensar e assumir um papel, activo e positivo, no apoio,
aos nossos filhos, nos períodos de crise e adversidade, isto é, pode ser drogas
como pode ser outro problema qualquer. O problema associado às drogas, é
daqueles cenários catastróficos que nunca pensamos possível vir a acontecer. Acreditamos
que o problema das drogas, legais e ou ilegais, só acontecem aos outros, às
famílias carenciadas e sem recursos, desestruturadas, até ao dia que acordamos
para a realidade (pesadelo). Alguns pais pensam “O que é que fiz de errado para
isto estar a acontecer?”
Numa situação desta natureza complexa, como pais, é
importante ter bem presente e em mente uma ligação privilegiada na comunicação
(canal aberto) com os nossos filhos. Será através deste “canal aberto” que
iremos manter activo o vínculo que proporcionamos no apoio que considerarmos necessário.
Apesar de tudo, somos a referência e representamos o apoio necessário para eles
se desenvolverem.
Educação parental e as drogas
Sabia que em relação à educação parental e as drogas os
comportamentos (dos pais) funcionam melhor do que as palavras? Como pais e
família precisamos de repensar o nosso próprio consumo de álcool, tabaco,
medicação e ou outras drogas. Precisamos de estar alerta, conscientes, sobre a
possibilidade de os nossos próprios lares/casas serem uma fonte acessível de
drogas legais, álcool, tabaco e ou medicação receitada pelo medico. Nesse
sentido, é preciso monitorizar o acesso a elas. Recordo vários casos,
indivíduos dependentes de substancias psicoactivas licitas e ou ilícitas, que
iniciaram os seus consumos com medicação dos seus pais, avós e outros que
beberam álcool pela primeira vez, em idade prematura, com o consentimento dos
pais.
Sabia que em relação à educação parental e as drogas é
necessário existir uma atenção genuína, espontânea e honesta sobre os
interesses e as vidas dos nossos filhos, desde crianças? Simples, converse com
eles, não faça interrogatórios. Seja um ouvinte activo em relação às
motivações, às ideias e ambições dos seus filhos. Durante a conversa com eles
pergunte a si mesmo o seguinte “O que é que ele/a está a querer dizer?”
Sabia que em relação à educação parental e as drogas a
palavra-chave é Comunicação? Ouvir, sem interromper, as ideias, as opiniões
inovadoras e diferentes, mesmo que não concordamos com elas. Desta forma, promovemos
uma maior proximidade e entendimento imprescindível (elo), afim de que, os
nossos filhos, se sintam à vontade para nos dizer coisas e sobretudo falar em
assuntos que nós, pais, não desejamos ouvir da boca deles, mas como pais,
precisamos de ouvir. Por vezes, desenvolvemos expectativas irreais em relação ao
que gostamos de ouvir dos nossos filhos, essas intenções podem não ser o mais
importante. Alguns jovens afirmam “Não falei com os meus pais sobre as drogas
porque eles iam castigar, senti medo.” Nós, os adultos, também recuamos perante
o medo, nas mais diversas questões do dia-a-dia.
Sabia que em relação à educação parental e as drogas os pais
não precisam de ter todas as respostas? Ao longo do desenvolvimento dos nossos
filhos, vamos aperfeiçoando as competências na comunicação, todavia podem
surgir assuntos mais complicados dos quais precisamos de pedir ajuda. Ao agir
desta forma, estamos também a encorajar, os nossos filhos, a pedir ajuda, aos
pais e ou a outras pessoas significativas (educadores) quando for necessário.
Sabia que em relação à educação parental e as drogas
precisamos de saber responder, o mais honestamente possível, às questões colocadas
pelos nossos filhos? Proporcionar-lhes informação actualizada e relevante, mas
que eles consigam compreender. Como pai/mãe, educador/a, considera que os seus
filhos/pupilos estão à vontade para abordar o assunto das drogas, legais e/ou
ilegais?
Falar sobre drogas, tal como outros assuntos importantes,
por exemplo o sexo, gestão de conflitos, competências, ambições, os estudos, a
alimentação saudável e diversificada faz parte da responsabilidade parental,
que ao inicio, pode ser um assunto delicado, mas havendo de ambas as partes,
pais e filhos, a abertura, o
compromisso, a disponibilidade, a honestidade, a confiança, a cumplicidade, a
intimidade suficiente, a relação entre ambos irá beneficiar através de uma
vinculação genuína, resiliente e duradoura. É do senso comum, os filhos contam com
o amor, a segurança e a protecção dos pais, para que um dia sigam o rumo das
suas vidas (saudáveis), tal como os pais também fizeram. Os pais não são amigos
dos filhos, são a família.
“Por mais que tentemos
ser árbitros perfeitamente calmos, a tarefa de educar acabará por produzir
alguns comportamentos estranhos; não estou a referir-me aos miúdos.” Bill
Cosby
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