quarta-feira, 31 de agosto de 2011

É tudo urgente?


Se é tudo urgente, qual o tempo disponível que dispomos para relaxar, divertir e recuperar as energias positivas? Qual é o modelo de gestão que adoptamos que nos permite usufruir da companhia da família (momentos de intimidade), incluindo os filhos, dos amigos, lazer? Sorrir, conviver com a família e filhos, amigos, ter um sono reparador, ir ao cinema, dar um passeio, alimentação diversificada e saudável, exercício físico.
Hoje o stress é um assunto actual e em destaque, nem é preciso pensar muito sobre isso, basta ligar a televisão e ou comprar o jornal e ficamos em stress, por exemplo o desemprego aumenta, o aumento dos impostos, dos preços das coisas essenciais, da incompetência de alguns políticos dos quais depositamos a confiança para a gestão do país, da falta de oportunidade de realização das ambições pessoais, das dívidas etc.

 Não ter tempo para nada, segundo as nossas expectativas, gera stress. Facilmente, caímos na armadilha de andar a lamentar (queixas) e descontentes pela falta de tempo, do emprego que não satisfaz, do carro, da 2ª feira, do ordenado, da conta bancária, do corpo, do patrão, dos colegas, da crise, da mulher/marido, dos filhos, da conta bancária, da chuva/sol, mas quando estamos de fim-de-semana e ou de férias queixamo-nos porque não temos nada para fazer.

Stress e as Relações. Se é TUDO urgente quando é que estamos disponíveis para amar e ser amados? Sim, porque sendo assim, tudo urgente, um dia até podemos estar disponíveis para amar, mas a/a nossa/o parceiro/a pode não estar porque para ele/a, naquela altura, é TUDO urgente. Adquirimos o sentimento de que somos mal amados. Qual o timming para amar numa relação entre duas pessoas, quando tudo à volta é urgente?

Considero que, na maioria dos casos, adoptamos a máxima do stress “É tudo urgente…” sofremos as consequências ao nível da saúde física, mental e emocional/espiritual, parece que, para sermos indivíduos precisamos de sofrer, todavia, se o sofrimento não possuir um propósito e um sentido construtivo, resiliente e saudável, não se aprende nada. Nada muda, com a agravante de a tolerância ao sofrimento aumentar. Ficamos cristalizados na autopiedade, na vitimização, “mártir”. Evocam-se causas nobres para sofrer, mas na realidade nada muda, na infelicidade, na frustração e o no isolamento. Com tendência para piorar. É tudo urgente, gera mais stress.

Se é tudo urgente, revelamos uma necessidade exagerada em projectar, no futuro, as nossas desilusões, falhanços e desenvolvemos preconceitos e estereótipos em relação aquelas pessoas que pensam e agem de maneira diferente por exemplo marido/mulher, filhos, colega de trabalho, amigos/as. Consequentemente, iremos ficar paralisados e incapazes de criar soluções construtivas, comunicar as nossas necessidades e estar atentas às necessidades dos outros, estabelecer relacionamentos de intimidade com as pessoas significativas, incluindo os nossos filhos. Enquanto permanecermos ansiosos, projectando cenários catastróficos nas nossas mentes, será difícil sentir confiança, auto estima, capacidade crítica e motivação, porque é tudo urgente.

Segundo um estudo publicado na revista Psychological Science, quando as pessoas se sentem mal em relação a elas mesmo, ficam predispostas para criticar e desenvolver preconceitos em relação às pessoas que são distintas. Esta é uma das razões, mais remotas, pela qual criticamos e julgamos (preconceitos e estereótipos) as outras pessoas.

Adopte um modelo de gestão do stress que realmente funcione e seja saudável.
Dicas:
Faça um serio investimento no tempo e energia que dedica ao sono. Durma oito horas e recarregue as baterias positivas e assim contribui para um melhor desempenho da memória, da concentração, da gestão das emoções e gestão dos conflitos.

Faça uma actualização pormenorizada aos seus critérios se pensar que dormir é perda de tempo. Identifica sentimentos de culpa ou embaraço por dormir uma sesta? Se pensar que dormir é sinónimo de preguiça, essas atitudes estão desactualizadas.

Faça exercício físico com regularidade, de preferência integrado num grupo de pessoas. Convide familiares e ou amigos para caminharem.

Alguns factores que só servem para desmotivar. Falta de confiança, falta de ambição, andar sempre a lamentar e descontente daquilo que não tem, não consegue e não faz. Definir objectivos ambíguos e irreais, falta de reconhecimento, não participar no processo de mudança com acções construtivas e responsáveis.

Cultive o hábito de avaliar os seus sentimentos, principalmente, o medo, a raiva e o ressentimento, o sentimento de culpa. Reduza o seu investimento (prioridade) na avaliação dos sentimentos dos outros em detrimento dos seus. Não coloque rótulos em si, em função daquilo que sente Aprenda a distinguir aquilo que são os seus sentimentos daquilo que você é realmente. Não somos aquilo que sentimos, mas aquilo que fazemos com os sentimentos.

Nas situações de stress aprenda a inspirar e a expirar (respirar). Assim estará a fornecer oxigénio ao cérebro, em vez de se privar dele (apneia). Nestas alturas de tensão/esgotamento diga a si mesmo mensagens que auxiliem o relaxamento (mantras) “Calma…vou relaxar”, uma oração e ou outras.

Na prevenção das dependências, não é tudo urgente, antecipasse o imprevisto e o indesejável através de planos concretos, objectivos realistas, competências individuais e sociais (pessoas). Os nossos filhos merecem esse investimento e como pais crescemos junto com eles, em vez de cristalizarmos.



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