segunda-feira, 30 de maio de 2011

Questionário: Jovens Adultos e a Relação com o álcool (Queima das Fitas 2011)



"Assunto: Questionário sobre Jovens Adultos e a Relação com o Álcool
Exmos. Srs. da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAV) e organização da Semana Académica,

Sou um profissional que trabalha na área das dependências - comportamentos adictivos (álcool e drogas). Neste momento, estou a fazer um trabalho sobre os adolescentes (jovens adultos) e a relação com o álcool e gostaria de saber se podem responder a este pequeno questionário relacionado com a Festa Académica.
Lamento ocupar o V. tempo, mas como sabem esta temática é demasiada importante e afecta milhares de lares (famílias, incluindo as crianças) em Portugal.

Aguardo uma resposta tão breve quanto possível.

Atenciosamente,
João Alexandre Rodrigues
Addiction Counselor"

A seguir apresento as respostas enviadas pela Associação Académica Universidade de Aveiro (AAUAV).

Questionário:
1. Qual o numero de aproximado de pessoas que participaram na Festa Académica? Por ex. nos eventos musicais?
AAUAV: O número de participantes no total ronda os 35.000, cerca de 4.000 por dia.

2. Consideram que os participantes na Semana Académica são maioritariamente jovens? Se sim, qual a faixa etária?
AAUAV: São maioritariamente jovens na faixa etária entre os 18 e os 25 anos.
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Tendo em consideração que o álcool é uma droga e que o alcoolismo é um problema de saúde pública em Portugal, existe uma "cultura que bebe".

3. Consideram que a Organização da Semana Académica, em conjunto com a Industria do Álcool através de técnicas de marketing agressivo, permitem estimular o abuso de bebidas alcoólicas entre os jovens, visando unicamente o lucro, durante a Semana Académica?
AAUAV: Não. O álcool é encarado não só pelos participantes nas festas académicas como um pouco pela sociedade em geral como um apoio à diversão. O marketing de guerrilha não afecta unicamente as semanas académicas pois verifica-se que o consumo do álcool aumenta nos jovens é cada vez mais cedo. Na semana académica de Aveiro não existe excepções neste caso, ou seja, o álcool também é encarado como um facilitador. No entanto, a actividade da Associação Académica, em conjunto com os seus parceiros, pauta-se não pela proibição, dado o meio em que a festa se realiza, mas antes pela sensibilização e prevenção de comportamentos de risco.

4. Na opinião da organização qual o efeito pratico e efectivo do slogan "Seja responsável, beba com moderação" durante a Semana Académica?
AAUAV:  Este slogan tem um maior efeito prático noutras ocasiões mas nas semanas académicas permite reduzir alguns consumos.

5. Qual o numero de pessoas admitidas nos serviços de saúde por problemas relacionados com o abuso de álcool?
AAUAV:  O número de pessoas não é um dado relevante principalmente por ser reduzido.
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Fenómeno Binge Drinking - Abuso no consumo de bebidas alcoólicas, num período reduzido de tempo, cuja principal intenção é a intoxicação (embriaguez). Por ex. entre os homens o consumo seguido de 5 ou mais bebidas e nas mulheres o consumo seguido de 4 ou mais bebidas. Este fenómeno pode ocorrer durante dias seguidos e afecta negativamente os comportamentos dos jovens (algumas consequências previsíveis após o Binge-Drinking: acidentes, condução sob o efeito do álcool e/ou drogas, violência e abuso, doenças sexualmente transmissíveis, intoxicação alcoólica e morte

6. A organização considera que o fenómeno do Binge-Drinking está presente durante a Semana Académica?
AAUAV: Pode considerar-se que é uma técnica usada em pequenos grupos.

7. Consideram que o Binge- Drinking assume contornos e consequências preocupantes entre os jovens, em Portugal?
AAUAV: Esta é uma técnica que poderá ter tendência a aumentar principalmente pelo uso do "shot". Os jovens são mais vulneráveis a esta situação pelo que neles os contornos são mais preocupantes, principalmente pelo conceito do álcool facilitador da introdução social.

8. Quais a medidas tomadas pela Organização da Semana Académica de forma a monitorizar e a prevenir o Binge-Drinking e comportamentos de riscos, assim como o abuso e as consequências negativas associadas ao consumo excessivo de álcool e/ou drogas licitas e/ou licitas?
AAUAV: Como referi anteriormente estamos perante uma faixa etária muito específica pelo que o nosso papel não deve incidir em proibições (excepto as que são realmente proibidas), mas antes adoptar uma postura de prevenção e sensibilização.   O papel da Associação Académica também é formar pelo que damos a conhecer os vários caminhos apelando para aqueles que consideramos correctos. Depois disso a escolha cabe a cada um. Poderá não ser o trabalho mais eficaz mas tem dado os seus frutos.
Agradecido pelo contacto e disponível para outras colaborações.
Atentamente

AAUAV"

Após esta resposta ao questionário constatei ser necessário reenviar novo email de forma a elucidar uma questão importante e central neste contexto sobre o Binge Drinking.

"Boa noite,
desde já os meus agradecimentos pela sua resposta e participação no questionário.

Permita-me só uma pequena questão.

Não referiu as medidas preventivas (concretas) assumidas pela organização quanto ao Binge Drinking e ao abuso do álcool durante as festas. De salientar o número elevado de participantes, como refere "O papel da Associação Académica também é formar pelo que damos a conhecer os vários caminhos apelando para aqueles que consideramos correctos."

O Binge Drinking não é uma técnica mas um fenómeno social entre os jovens, emergente e preocupante, que está a ser estudado, desde o final dos anos 90 nos EUA e em Inglaterra, infelizmente, em Portugal ainda é desconhecido e negado do público em geral.

Estou ao V. dispor para qualquer esclarecimento adicional."

Comentário: Enviei questionários para as mais variadas associações académicas de norte a sul do país, mas infelizmente só obtive resposta da Associação Académica de Aveiro que desde já felicito pela sua participação no questionário da Prevenção das Dependências.
A resposta ao questionário revela a falta de informação sobre o fenómeno Binge Drinking (abusar de bebidas alcoólicas cujo intuito é a intoxicação, embriaguez, e que pode prolongar-se por vários dias) e a inexistência de medidas preventivas.

O abuso do álcool ainda é associado, erradamente, ao lazer entre os jovens e não só. Creio que esta constatação se deve, a uma “cultura que bebe” e também aos esforços da Industria do álcool, através das suas técnicas de marketing agressivo, e à negação e estigma na nossa sociedade. Esta infeliz, mas esperada, constatação justifica este projecto - Prevenção das Dependências. Comente este post.




sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sensibilizar, Alertar e Intervir por Ana Neves


Durante dez meses vivi um grande desafio e uma grande aventura. Estou no último ano do curso de Animador Sociocultural, desenvolvi um projecto final de curso ao qual dei nome “De Que É Que Dependes?”.

Este projecto enquadra-se no tema das dependências químicas e não químicas (uso excessivo de álcool ou drogas e uso excessivo das novas tecnologias), quis trabalhar junto de duas turmas da minha escola, alunos do 1.º ano/10.º ano com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos, de forma a sensibilizá-los e preveni-los para esta problemática social que tanto afecta os jovens de hoje.

             Escolhi a temática das dependências por considerar ser um assunto interessante e que gostaria de abordar de um modo mais aprofundado. O facto de ser um problema social que atinge as camadas da população mais jovem e as futuras gerações, devemos adoptar medidas mais práticas e que mostrem realmente as consequências do uso das dependências químicas e não químicas (uso excessivo de álcool e drogas e uso excessivo das novas tecnologias). Gostava, assim, de intervir nesta problemática através da Animação.

            Acima de tudo quis arriscar. Porque não intervir, como Animadora, num problema social dos dias de hoje? Se um Animador é como um interveniente, porque não? Para mim, a Animação consegue minimizar ou até mesmo resolver uma necessidade, neste caso, alertar para os comportamentos de risco na juventude.

            Realizei actividades no âmbito do debate, troca de conhecimentos e experiências como por exemplo o “Chapéu dos Medos” ou “Diz o que pensas sobre… As dependências!”, experiencias, expressão artística e também duas palestras que esclareceram os alunos e alertaram para os dois tipos de dependência. Porquê duas turmas? Antes de tudo tive que fazer um diagnóstico das necessidades e para isso apliquei inquéritos onde verifiquei que não só haviam mais dúvidas relativamente a esta temática, como também foi possível identificar algum tipo de consumo.

            Trabalhar em conjunto com jovens e acerca das dependências químicas e não químicas foi relativamente interessante e bastante exigente. Não foi um projecto entediante, nem desinteressante e muito menos pouco relevante. A meu ver as duas turmas com que trabalhei, ao realizar quatro actividades, também não o acharam, todas elas não mostraram desinteresse, pelo contrário, mostraram-se disponíveis, activas e abertas ao que iria advir.

            A meu ver, este contributo foi importante para a sensibilização desta temática apesar de considerar que seriam necessárias mais actividades para que o resultado se prolongasse no tempo, ou seja, que os alunos continuassem alertados para esta problemática. Seria necessário mais actividades que envolvessem dinâmicas de grupo, debate e expressão artística, aspectos que verifiquei serem relevantes para os alunos no decorrer das actividades realizadas. Não só seria uma mais-valia para os alunos, mas também para a escola porque iria, sem dúvida, torná-la mais dinâmica e prevenir e sensibilizar cada vez mais a comunidade escolar para os problemas que poderão vir a prejudicar as suas vidas futuras.

            A elaboração deste trabalho final de curso foi bastante importante. Mudou a minha maneira de pensar relativamente aos actos que cometemos e que podem vir a mudar a nossa vida. Mudou a minha maneira de agir com o público-alvo juvenil visto que me tornei próxima do mesmo e passei a conhecer um grupo com que antes nunca tinha trabalhado, por fim, mudou a minha maneira de trabalhar pois passei a ser uma estudante muito mais produtiva, dedicada e empenhada. Em cinco actividades realizadas, penso ter respondido aos objectivos inicialmente traçados: Sensibilizar, Alertar, Intervir.

            Foi muito gratificante ter trabalhado a temática das dependências junto dos jovens e não mudaria nada.

Autora: Ana Neves

Comentário: Nesta sociedade dos adultos cada vez mais consumista e individualista, considero que os jovens têm um papel interventivo na Prevenção das Dependências (Escola, Família, Grupo de Pares, Comunidade, Sociedade). Dedico especial atenção às suas ideias criativas, às suas questões "livres" de preconceitos e estereótipos e à sua motivação na abordagem critica do Mundo dos Adultos, repleto de riscos, mas por outro lado, e felizmente, repleto de oportunidades.  A autora deste trabalho, a Ana Neves, tal como alguns profissionais e instituições envolvidas no terreno, reforça a necessidade de um  maior investimento nesta temática actual e preocupante, derivado à lacuna existente e cujos responsáveis (adultos) aparentam cruzar os braços perante a evidência desastrosa, por exemplo: o insucesso da luta contra as drogas ilícitas, a publicidade e o marketing agressivo da industria poderosa do álcool, vivemos numa cultura que bebe, a inexistência de estudos sobre o binge drinking entre os jovens, campanhas de sensibilização sobre os perigos do abuso do álcool, etc.
Os meus agradecimentos à Ana Neves pela sua participação no Mais Vale Prevenir Do Que Remediar e parabéns pelo seu trabalho. Faço votos que continue a explorar o Mundo dos Adultos, com uma atitude critica e resiliente, na busca de um Propósito de Vida e que consiga contribuir para uma sociedade diferente da actual (crise social). 

sábado, 7 de maio de 2011

O Mundo dos Adultos Não É Seguro Para Algumas Crianças Vulneraveis

Após o nascimento de um filho/a a relação entre pai e mãe sofre uma mudança significativa. Para além de duas pessoas adultas, aparece (nasce) outro ser.
Este ser frágil e carente precisa de todo o apoio, tanto seja da mãe como do pai. Não é propriedade (coisa) de nenhum deles, pertence à vida. Tal como aconteceu aos seus próprios pais.

Siga o link. É Alimento Pro Pensamento.

http://vimeo.com/12489169

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