Qual é o
impacto que o conflito entre os pais (e famílias) tem nas vidas das crianças?
A perturbação traumática é capaz de induzir a criança num
estado de alerta constante, resposta fisiológica - lutar, fugir, cristalizar,
vulgo fight or fly response. Este
estado de alerta constante desencadeia a libertação de hormonas do stress no
seu organismo, capaz de interferir, negativamente no desenvolvimento
(arquitetura) do cérebro. Segundo a Academia Americana de Pediatras afirma que
a resposta biológica a este estado de alerta constante pode revelar-se
altamente destrutiva e durar a vida inteira. Segundo exames de ressonância
magnética em crianças revela que episódios de violência, abuso emocional e/ou
sexual, violência domestica ou pais adictos a drogas lícitas e/ou ilícitas,
incluindo o álcool, entre outras perturbações traumáticas, podem comprometer
algumas áreas cruciais sobre o funcionamento do cérebro. Segundo um estudo
conduzido em mais de 17.000 doentes num Hospital de S. Diego (Kaiser Permanente,
USA 1998) revela que as pessoas com perturbações traumáticas estão mais
predispostas para abusarem de drogas e sofrerem de alcoolismo, desenvolverem
doenças mentais, suicídio e cancro.
Como bem sabemos, o conflito faz parte do relacionamento com
as pessoas. Quando conhecemos alguém, mais tarde ou mais cedo, iremos
desenvolver um conflito com essa pessoa por discordarmos e/ou confrontarmos ou
vice-versa. Se imaginarmos o mesmo cenário, mas acrescentarmos o facto de
vivermos na mesma casa, “debaixo do mesmo teto”, durante um período
considerável, a probabilidade do surgimento do conflito ainda é mais elevada. Todavia, a questão fulcral é o que é que os
pais podem fazer de forma a gerir o conflito sem envolverem as crianças, pelo
menos o menos possível. É possível? Sim, nestas alturas de conflito, como adultos,
precisamos de recordar que as crianças possuem uma interpretação completamente
diferente sobre o conflito e contemplar uma estratégia, “plano de batalha entre
adultos” com critérios bem definidos, a fim de salvaguardar a criança de
eventuais danos. Convém também salvaguardar que nem todo o conflito gera
dano/trauma, mas quando este se revela frequente, intenso e duradoiro,
certamente irá gerar consequências negativas na criança.
Existem evidências cientificas sobre o conflito entre pais, quer
estejam a viver em conjunto/maritalmente ou estejam separados/divorciados, revelam
que o conflito pode comprometer seriamente a saúde mental da criança, assim
como, durante o seu percurso de vida.
Quando houver conflitos, entre pais, ambos ou pelo menos um
dos progenitores, faça questão de que a criança não assista à “guerra dos
adultos”, explique à criança que é assunto de adultos e que aconteça o que
acontecer os pais vão sempre ama-la com honestidade, compromisso e esperança. Os
pais são uma referência para o desenvolvimento da criança.