Adolescência:
Tomar decisões e fazer escolhas.
A
adolescência é uma fase de aquisição e estruturação da identidade, em que se
adquire competências para viver o mundo que nos rodeia e encontrar o lugar nele
(propósito e significado). Recorrência através de experiências de risco (ex. perigosas)
como situações de aprendizagem e referência para a construção da identidade e
limites nas relações com os outros. Grande parte da experiencia e maturidade que
adquirimos, como adultos, advém dos erros que cometemos. Será que colocamos
expectativas irreais nos nossos jovens?
Desde que nascemos iniciamos
um processo de aprendizagem e enriquecimento contínuo ao longo da vida (ex.
curiosidade, intuição, exploração e da dor/sofrimento).
Tomar decisões e fazer
escolhas, na adolescência, é o período “ideal” para essa aprendizagem de forma a
fomentar uma estrutura para a mudança (ex. alterações hormonais, sexualidade, o
cérebro está num processo de amadurecimento) e de resiliência (gestão da
adversidade). É um período fluente de motivação para a exploração e a
conquista. Os mecanismos que gerem as atitudes e os comportamentos dos
adolescentes influenciam mais o impulso (Faz…sem
pensar…não interessa as consequências…) do que a razão (Parar… e contemplar… Pensar antes de agir.)
Como adolescente, a prioridade é direccionada para a identidade, viver dentro
de um sistema de relações de pares (pertença ao grupo), a comunicação e a intensidade
do momento. O planeamento, a organização, auto-critica e a gestão do futuro,
não correr riscos “desnecessários ou de obediência aos adultos” aparenta não
ser uma prioridade, mas pode tornar-se uma fonte de angústia para pais ansiosos,
facilitadores, autoritários e demasiado zelosos. Pode-se cair no erro de cada
parte -filhos e pais - desejarem remar o mesmo barco para direcções opostas. A
comunicação pode ficar extremamente afectada para o resto da vida.
Será
que a evolução determina que os adultos sejam descrentes em relação aos
adolescentes?
Aparenta existir uma crença
generalizada pelos adultos de que adolescência é sinónimo de dificuldades e
problemas - carga de trabalhos. Será
ser rebelde questionar o pai quanto à carreira de futuro que deseja seguir? Será
ser impulsivo magoar a mãe através da agressividade verbal? É irresponsabilidade
usufruir demasiado tempo na internet ou não cumprir cegamente com as
ordens/orientações dos adultos? E aqueles adolescentes cuja agressividade não
existe apoio e monitorização dos pais, por um conjunto de factores? Estes afirmam
resignados “O meu filho/a é assim não há
nada a fazer… Sai ao pai” ou “Sai à mãe”. É preciso encontrar um culpado?
Por vezes, aparenta-se
responsabilizar o adolescente “irresponsável, irreverente e impulsivo” com base
nos mesmos critérios, comportamentos e valores morais que um adulto. Se a
relação com a escola vai mal…, se a relação com a mãe e/ou pai vai mal…, se a
relação com a família vai mal…, o adolescente aparenta ser o culpado. Na minha
opinião, é um erro enorme. È necessário visualizar toda a “fotografia” em vez de
um determinado detalhe. Por ex. qual os efeitos determinantes do consumismo, da
publicidade e do marketing, a ausência de valores morais, o ritmo de vida
acelerado e a pressão exercida pelos adultos nos adolescentes?
Questão. Como pai ou mãe quais
os indicadores em como a sua comunicação com o seu filho/a de 3 anos é
eficiente e eficaz? Aos 10 anos? Depois aos 16 anos? Qual o feedback
proporcionado pelas atitudes e comportamentos do seu filho/a em relação à sua
comunicação? Pergunte ao seu filho/a “Consideras
que és ouvido, correspondido, apoiado e compreendido pelo pai/mãe quanto às
tuas ideias, crenças e expectativas?”
Como é que o seu filho sabe
que a comunicação é eficiente e eficaz com os pais? Pode ter uma ideia bem
diferente. Para variar, o pai adopta características diferentes da mãe na
educação e só estou a constatar uma realidade. Já pensou que durante a
adolescência será necessário reinventar, monitorizar e adaptar a sua
comunicação às mudanças do filho/a? Oiço imensos casos de pais que afirmam que
o filho não comunica, se isola, não expressa as suas ideias e preocupações, e
alguns afirmam que o seu filho/a evita os pais.
Não
existem culpados, mas responsáveis para quebrar os conflitos geracionais.
Com este texto não quero
afirmar que os pais são “irresponsáveis e impulsivos” na educação, viso somente
proporcionar ideias que podem ser aproveitadas para melhorar a comunicação,
promover a aprendizagem e o enriquecimento contínuo ao longo da vida.
Deveríamos
entender os jovens, não só como pessoas a vivenciar uma fase de intensas
transformações e construções, mas também como seres sociais sujeitos a pressões como o acesso à informação, à sexualidade, à venda e à publicidade que induz
fortemente à adesão de tais comportamentos e valores. Os adolescentes são
um grupo com uma forte influência na sociedade em geral e nos sistemas que a
compõem. São também um grupo que sofre a influência das gerações mais velhas
(tradições, crenças, rituais), bem como das características da sociedade em
geral. É importante o optimismo e a confiança face ao que poderão ser e fazer
enquanto adultos.
Aumento
na incidência de abuso das substâncias entre adolescentes (Johnston et al.,
1996);
Decréscimo
da idade em que é efectuado o primeiro diagnóstico de dependência de drogas
(Reich et al., 1988);
Aumento
na prevalência de abuso e de dependência de drogas ao longo da vida na
população geral (Lewinsohn et al., 1996);
Uso
de álcool e de drogas é a principal causa de co-morbilidade e mortalidade entre
os adolescentes, quando comparada com acidentes rodoviários, comportamentos
suicidas, violência, entre outros (Dep. Estatística dos EUA, 1993).
Podemos inverter estas
crenças disfuncionais – Tolerância e Confiança
«A
nossa Juventude ama o luxo, é mal-educada, zomba da autoridade e não tem
nenhuma espécie de respeito pelos mais velhos. As crianças de hoje são tiranas.
Não se levantam quando um velho entra numa sala, respondem a seus pais e são
simplesmente más.» Sócrates (filosofo Grego) Sec. V a.C.
«Não
tenho nenhuma esperança no futuro do nosso país, se a juventude de hoje toma o
mando amanhã, porque esta juventude é insuportável, sem moderação. Simplesmente
terrível.» Hesíodo (poeta Grego) Sec. VIII a.C.
«O
nosso mundo atingiu um estado crítico. Os filhos não escutam os pais. O fim do
mundo não pode estar muito longe.» Sacerdote egípcio 2000 anos a.C.
«Esta
juventude está podre desde o fundo do coração. Os jovens são maus e
preguiçosos. Não serão nunca a juventude de outrora. Os de hoje não são capazes
de manter a nossa cultura» Descoberta nas ruínas de Babilónia 3000 a.C.
“A
juventude de hoje é rasca” Vasco Pulido Valente
Quando adolescente também ouvi
este tipo de afirmações inúmeras vezes pelos adultos. A nossa cultura é o
resultado das nossas acções. Nada muda, se andarmos preocupados (excesso de
zelo) ou procurarmos culpados. Como indivíduos, como membros de família e cidadãos
somos responsáveis pelas nossas atitudes e comportamentos. “Mais Vale Prevenir
do que Remediar”
Na sua adolescência, quais
os comentários que chegavam aos ouvidos?