Gostaria de salientar que quando pensamos em abordagens a adoptar sobre os consumos de substancias psicoactivas, incluindo o alcool, o problema, em primeiro lugar, coloca-se nas pessoas “cada caso um caso”. O acto de consumir substancias licitas ou ilícitas é um acto voluntário. Ficar dependente não. Quando se começa a usar substancias de uma forma regular, ninguém deseja, conscientemente, ficar dependente. Ninguém escolhe sofrer as consequências (individual, familiar e social) da dependência.
Uma jovem que consome haxixe de vez em quando pode não ser considerado um problema grave a curto ou medio prazo, nesta situação considero pertinente o/a consumidor/a ser informada dos riscos de consumir uma substancia psico activa (alteradora do humor e toxica). O haxixe possui uma substancia THC (tetrahidrocannabinol Delta-9) sabe-se que este cannabinoide existente no haxixe é mais potente, em termos do seu efeito toxico, comparativamente com o mesmo cannabinoide, há 10 anos atras, logo poderá causar mais dano e permanece no organismo aproximadamente cinco ou mais dias.
Considero importante desmistificar certas crenças que enfatizam e reforçam o consumo, principalmente entre os jovens e os pais, visto ser uma substancia que aparenta comportar menos riscos para a saúde. Os jovens que consomem haxixe podem adoptar comportamentos de risco que incluem HIV/Sida, gravidez indesejada, problemas na escola e abuso de bebidas alcoólicas ou uso concomitante de varias substancias, entre outros.
Enquanto que se consumir heroína o risco de se tornar dependente a curto ou médio prazo (adicto/patologia) pode ser muito elevado. Existem drogas altamente adictivas, caso da heroína e a cocaína, em que essa pessoa corre o risco de ficar dependente num período por exemplo, de 6 meses ou menos. Caso se torne dependente necessitará de apoio profissional.
Conheço casos de pessoas, que atingiram a dependência de heroina ao fim de um ano, enquanto outras ao fim de vários anos. Casos de pessoas que consomem haxixe “sociavelmente” enquanto outras recorreram a tratamento (ajuda profissional) por dependência e também pelo aparecimento de outro tipo de diagnostico/patologia (por ex. psicoses) relacionados com os consumos. Existem critérios (DSM IV) definidos (patient placement criteria) que possibilitam o diagnostico em termos 1. abuso e 2. dependência de substancias psico-activas (adicção).
Acredito que os consumidores de haxixe, mesmo os ocasionais, o risco de um dia consumirem heroina e ou cocaína é maior do que aqueles que não consomem essa mesma substancia. Ao longo da minha experiência profissional, constato que a grande maioria das pessoas adictas/dependentes a substancias (heroina e ou cocaína) iniciaram o consumo de substancias psico activas com o haxixe. Contam-me “Comecei a fumar um charrinho de vez em quando, todos diziam que não fazia mal nenhum.”
sábado, 23 de junho de 2007
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