De algum tempo a esta data, o trabalho com Crianças e Jovens nesta área específica sempre me fascinou! Cada vez mais acredito que aquilo que semeamos hoje, colheremos amanhã… O adulto de hoje não é mais do que o reflexo dos seus educadores enquanto criança e jovem!
Licenciei-me em Psicologia e em 2004, fui convidado para coordenar a equipa técnica de um Projecto numa Junta de Freguesia, Projecto este que se insere no Programa Municipal de Prevenção das Toxicodependências na Cidade de Lisboa (Programa Intervir). Actualmente coordeno dois Projectos, em duas Juntas de Freguesia da Cidade de Lisboa, neste âmbito. As acções/actividades que até hoje desenvolvi, com mais de 500 Crianças e Jovens da Cidade de Lisboa, deram-se em meio escolar e em meio comunitário.
Já li muita bibliografia sobre a prevenção, fui a muitos congressos neste âmbito, e frequentei formações e cursos acerca desta temática, mas devo vos dizer que, sei muito pouco acerca da mesma. Mais de 90% do que sei e aprendi sobre a Prevenção Primária da Toxicodependência e dos Comportamentos de Risco, foi-me facultado pelas minhas vivências com estas Crianças e Jovens com quem tenho trabalhado ao longo deste período.
A velha máxima de que cada caso é um caso, aplicou-se sempre ao longo da minha experiência nesta área. A actividade ou acção que resultou com a criança/jovem ou população específica, não resultou com outra criança/jovem ou população específica, e vice-versa.
A Prevenção Primária da Toxicodependência e dos Comportamentos de Risco é uma aprendizagem diária, que tem que se adaptar ao meio envolvente, à evolução da sociedade e à especificidade do caso, para tal, a criatividade dos Técnicos e a sua capacidade para lidar com a frustração e a impotência, são factores preponderantes para conseguir obter um resultado positivo entre muitos negativos. Como já foi referido, os livros não nos fornecem fórmulas para obter resultados 100% eficazes na Prevenção. É sabido que a crescente complexificação das sociedades actuais e as sucessivas transformações do tecido social obrigam-nos a redefinir conceitos e a ponderar, de uma forma crítica, os modelos de intervenção preventiva assentes em pressupostos tradicionais.
Será possível fazer Prevenção quando os educadores contrariam em casa e na escola tudo aquilo que nós, Técnicos, transmitimos a estas Crianças e Jovens como sendo modelos adequados de uma vida saudável? Como funcionará a cabeça de uma Criança ou de um Jovem quando lhe são transmitidas normas, regras e valores correctos e chegando a casa depara-se com normas, regras e valores opostos aos transmitidos? Ficaram estas crianças ou jovens cientes do que está correcto e do que está errado? Valerá a pena, para os Técnicos, dedicarem-se de alma e coração à Prevenção?
Quase todas estas Crianças e Jovens, muitas vezes, precisam apenas de um pequeno gesto por parte de alguém que se preocupe com elas… Alguém que lhes diga que o que estão a fazer não é correcto, mas que também lhes diga sempre que estão a fazer bem, quando o estão! Por vezes, 5 minutos de colo, um beijo ou um abraço tornam-se mais preventivos do que inúmeras actividades de Prevenção. Infelizmente, e citando o Pedopsiquiatra Pedro Strecht, “no mundo existem muitos pais com filhos mas, existem muito poucos filhos com pais”. É tudo isto que me move todos os dias para tentar ajudar, de alguma forma, estas Crianças e Jovens com quem tenho o privilégio de trabalhar, de aprender e de ser feliz com eles!
Dr. Pedro Reis
Comentario: Aproveito para agradecer do fundo do coração e desejar um grande BEM HAJA ao Dr Pedro Reis por colaborar connosco.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
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