Segundo, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência os cálculos de prevalência do consumo problemático de drogas, em Portugal, situam-se entre os 2 a 10 casos por cada 1000 habitantes com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos. Somos 10.329.300 milhões de habitantes segundo dados da Eurostat.
Podemos afirmar, que nos dias de hoje uma grande maioria das pessoas, já passou por uma experiência dolorosa, de uma forma directa ou indirecta, com casos de entes queridos, que sofreram ou continuam a sofrer deste flagelo social (adicção/doença). É sobre a família que gostaria de deixar aqui algumas reflexões. È a outra perspectiva deste flagelo/doença de quem sofre em silencio.
Quando um problema desta natureza "invade" uma casa de família, a maioria dos seus membros não está preparado para lidar e encarar com este problema de frente. Senão vejamos, no dia a dia, quando se discute sobre este tipo de problemas com amigos ou familiares temos a tendência para identificar os problemas que existem nas casas dos outros. Os problemas dos outros são mais graves se comparados com os nossos. Lembro-me de uma mãe, que dizia “… nunca quis acreditar que o meu filho tinha um problema grave. Como ele não roubava na rua, não arrumava carros, não se injectava e até trabalhava, achava que o problema dele não era assim tão grave. Até ao dia que recebi um telefonema do hospital a informar-me que ele tinha tido uma overdose. Fiquei desesperada.” E a seguir? Imediatamente, procuramos um culpado. “O que é que fiz de errado…?” “ Sou eu o culpado/a por isto ter acontecido.”
Se encontrarmos um culpado significa que encontraremos uma solução? Na minha experiência, a resposta é não. Questão que coloco é - "Culpamos para quê?"
O que é que acontece à estrutura familiar quando um dos seus membros, ou mais, abusam ou se tornam dependentes de drogas? De inicio, a família tenta evitar o problema, mais tarde, tenta eliminar o problema, depois surge a desorganização familiar. Sabemos que todas as atenções ficam centradas no individuo/os (doente) sem que a família se aperceba das consequências negativas deste tipo de abordagem. A estrutura familiar sofre um colapso e na maioria das situações, geram-se crises imprevisíveis entre o seus membros. Por ex. discussões, onde predominam a violência verbal e ou física, mentiras, roubos, um telefonema do hospital por causa de um acidente ou da policia por conduzir sob o efeito de alcool e/ou drogas, para mencionar apenas alguns casos.
Aprende-se a não falar, a não sentir e a não confiar – adopta-se a regra do silencio. Esta regra é um mecanismo que funciona como um “amortecedor” das emoções dolorosas. Vive-se estas emoções onde se aprende a reprimir e a “fugir” aos sentimentos dolorosos, acabando, assim, por negar a verdadeira dimensão do problema. Por ex. a mãe que protege o filho do embaraço e confronto “publico” facilitando e encobrindo comportamentos disfuncionais (doentes) que mais tarde se vai arrepender. “O que é que estou a fazer?.” Com altos níveis de ansiedade antecipa-se todo e qualquer tipo de problemas. Procura-se também um “bode expiatório” dentro da família que até pode ser alguém que não seja consumidor de drogas. Deprimidos e sem esperança, os familiares identificam-se no papel de vitimas na nossa sociedade, “Porquê a mim?…” “Só me acontece estas coisas a mim.” ou “Eu mereço isto…” “É um castigo…” “Não sou bom pai, não sou boa mãe, não sou bom marido, não sou boa mulher, não sou boa irmã/o. Em muitos destes casos as crianças são negligenciadas. Elas também aprendem a regra do silencio; não sentir, não falar e a não confiar, mesmo dentro da família.
O que fazer quando “agarrado a esta teia” sofrendo com a impotência e com a perda de controle? Eis alguns passos que pode dar.
è importante elaborar um plano de acção na família e no doente com a juda de profissionais com experiencia. Você não consegue controlar os comportamentos dos outros, bem como os consumos de drogas. Assuma a responsabilidade pelo seu próprio comportamento e pela impotência.
Procure mudar os “velhos” hábitos e comportamentos disfuncionais da parte da família em relação ao doente. Sabemos que a mudança é um processo que pode ser lento. Concentre-se no progresso em vez da perfeição (os resultados imediatos podem tardar). Pare de procurar culpados. Interiorize os 3 C´s. 1º C ) não é a família que causa a toxicodependência, 2º C) Não se pode controlar o comportamento dos outros nem o consumo de substancias e 3º C) não podemos curar o toxicodependente. Lembre-se, não existem culpados, ninguém é culpado.
Procure desligar-se emocionalmente do problema do doente, procure apoio dentro e fora da família, principalmente pessoas em quem confia. Se não encontra ninguém próximo trate de encontrar o mais rápido possível. Aprenda a dizer não, sem se sentir culpado. Defina limites e regras de comportamento dentro de casa, caso estas regras sejam desrespeitadas, isso implica consequências. Mais uma vez, não esteja sozinha/o neste plano, poderá soar a algo avassalador e intimidador. Tenha fé e esperança que mesmo com um membro da família doente, a vida não deixará de ser uma oportunidade de crescimento, de aprendizagem procurando assim, ajustar-se à realidade. Isto é mais vantajoso para a família e para cada membro individualmente, do que viver numa fantasia e em negação. Considere um tratamento para o doente. Pode ser um ponto de partida para um novo modo de vida.
A toxicodependência é uma doença de comportamentos e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, por isso, necessita de ser tratada tal, sem castigar e ou punir.
Podemos afirmar, que nos dias de hoje uma grande maioria das pessoas, já passou por uma experiência dolorosa, de uma forma directa ou indirecta, com casos de entes queridos, que sofreram ou continuam a sofrer deste flagelo social (adicção/doença). É sobre a família que gostaria de deixar aqui algumas reflexões. È a outra perspectiva deste flagelo/doença de quem sofre em silencio.
Quando um problema desta natureza "invade" uma casa de família, a maioria dos seus membros não está preparado para lidar e encarar com este problema de frente. Senão vejamos, no dia a dia, quando se discute sobre este tipo de problemas com amigos ou familiares temos a tendência para identificar os problemas que existem nas casas dos outros. Os problemas dos outros são mais graves se comparados com os nossos. Lembro-me de uma mãe, que dizia “… nunca quis acreditar que o meu filho tinha um problema grave. Como ele não roubava na rua, não arrumava carros, não se injectava e até trabalhava, achava que o problema dele não era assim tão grave. Até ao dia que recebi um telefonema do hospital a informar-me que ele tinha tido uma overdose. Fiquei desesperada.” E a seguir? Imediatamente, procuramos um culpado. “O que é que fiz de errado…?” “ Sou eu o culpado/a por isto ter acontecido.”
Se encontrarmos um culpado significa que encontraremos uma solução? Na minha experiência, a resposta é não. Questão que coloco é - "Culpamos para quê?"
O que é que acontece à estrutura familiar quando um dos seus membros, ou mais, abusam ou se tornam dependentes de drogas? De inicio, a família tenta evitar o problema, mais tarde, tenta eliminar o problema, depois surge a desorganização familiar. Sabemos que todas as atenções ficam centradas no individuo/os (doente) sem que a família se aperceba das consequências negativas deste tipo de abordagem. A estrutura familiar sofre um colapso e na maioria das situações, geram-se crises imprevisíveis entre o seus membros. Por ex. discussões, onde predominam a violência verbal e ou física, mentiras, roubos, um telefonema do hospital por causa de um acidente ou da policia por conduzir sob o efeito de alcool e/ou drogas, para mencionar apenas alguns casos.
Aprende-se a não falar, a não sentir e a não confiar – adopta-se a regra do silencio. Esta regra é um mecanismo que funciona como um “amortecedor” das emoções dolorosas. Vive-se estas emoções onde se aprende a reprimir e a “fugir” aos sentimentos dolorosos, acabando, assim, por negar a verdadeira dimensão do problema. Por ex. a mãe que protege o filho do embaraço e confronto “publico” facilitando e encobrindo comportamentos disfuncionais (doentes) que mais tarde se vai arrepender. “O que é que estou a fazer?.” Com altos níveis de ansiedade antecipa-se todo e qualquer tipo de problemas. Procura-se também um “bode expiatório” dentro da família que até pode ser alguém que não seja consumidor de drogas. Deprimidos e sem esperança, os familiares identificam-se no papel de vitimas na nossa sociedade, “Porquê a mim?…” “Só me acontece estas coisas a mim.” ou “Eu mereço isto…” “É um castigo…” “Não sou bom pai, não sou boa mãe, não sou bom marido, não sou boa mulher, não sou boa irmã/o. Em muitos destes casos as crianças são negligenciadas. Elas também aprendem a regra do silencio; não sentir, não falar e a não confiar, mesmo dentro da família.
O que fazer quando “agarrado a esta teia” sofrendo com a impotência e com a perda de controle? Eis alguns passos que pode dar.
è importante elaborar um plano de acção na família e no doente com a juda de profissionais com experiencia. Você não consegue controlar os comportamentos dos outros, bem como os consumos de drogas. Assuma a responsabilidade pelo seu próprio comportamento e pela impotência.
Procure mudar os “velhos” hábitos e comportamentos disfuncionais da parte da família em relação ao doente. Sabemos que a mudança é um processo que pode ser lento. Concentre-se no progresso em vez da perfeição (os resultados imediatos podem tardar). Pare de procurar culpados. Interiorize os 3 C´s. 1º C ) não é a família que causa a toxicodependência, 2º C) Não se pode controlar o comportamento dos outros nem o consumo de substancias e 3º C) não podemos curar o toxicodependente. Lembre-se, não existem culpados, ninguém é culpado.
Procure desligar-se emocionalmente do problema do doente, procure apoio dentro e fora da família, principalmente pessoas em quem confia. Se não encontra ninguém próximo trate de encontrar o mais rápido possível. Aprenda a dizer não, sem se sentir culpado. Defina limites e regras de comportamento dentro de casa, caso estas regras sejam desrespeitadas, isso implica consequências. Mais uma vez, não esteja sozinha/o neste plano, poderá soar a algo avassalador e intimidador. Tenha fé e esperança que mesmo com um membro da família doente, a vida não deixará de ser uma oportunidade de crescimento, de aprendizagem procurando assim, ajustar-se à realidade. Isto é mais vantajoso para a família e para cada membro individualmente, do que viver numa fantasia e em negação. Considere um tratamento para o doente. Pode ser um ponto de partida para um novo modo de vida.
A toxicodependência é uma doença de comportamentos e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, por isso, necessita de ser tratada tal, sem castigar e ou punir.
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